ENEM: O combate à violência contra o idoso na sociedade brasileira

Na obra cinematográfica “Up – Altas Aventuras”, o personagem Carl é um idoso que luta contra a ameaça de perder sua casa. Nesse cenário, sua saúde psicológica é afetada e ele é direcionado à internação. A esfera artística, então, reflete uma visão da atualidade, em que a figura idosa é negligenciada e alvo de intimidação física e moral. Assim, a pressão externa da sociedade frente à condição desse grupo, ilustrado na trama, compartilha espaço com a dificuldade no combate à violência contra idosos, devido à ideia de descartibilidade social e a invisibilidade dessas ações.

Diante desse cenário, a primeira noção a ser analisada retoma a estigmatização de velhice. Nessa perspectiva, a obra “A velhice” de Simone de Beauvoir critica o sucateamento do papel do idoso na sociedade, à medida que mostra sua desvalorização no hodierno. Essa perspectiva é sustentada pelo estereótipo fragilizado e dependente do idoso gerado no coletivo. Logo, a partir disso, constrói-se uma barreira de aceitação e inclusão dessa parcela, que leva à ideia de “alvos fáceis” e os submete a situações de violência física e de persuasão, caracterizadas pelo aproveitamento do estado social de tais, e a desvalorização de sua imagem.

Aliado a essa análise, a indiferença com o próximo condiciona a atuação de violências “invisíveis”. Por meio disso, essas ações se relacionam à ideia de violência simbólica de Pierre Bordieu, que afirma que o processo impetuoso é realizado por meios simbólicos de comunicação e conhecimento. Desse mesmo modo, a população idosa sofre com o despreparo tecnológico e financeiro, que viabiliza a atuação de golpes sem a percepção da vítima. Ademais, o descaso familiar, voltado, novamente, à descartibilidade do idoso, é o principal fomento na facilidade com que esse grupo se submete a ações invisíveis de violência. Logo, a conjuntura é preocupante pelo desamparo de qualquer base familiar, social ou cognitiva.

Em suma, a violência contra o idoso foi amplificada na atualidade, no que se refere à sua função social e ao avanço de meios que burlam a mente idosa. Logo, é evidente a necessidade de criação de centros educacionais para esse grupo, por intermédio do Ministério da Educação e de ONGs especializadas, e por meio da comunicação constante com o ambiente familiar do indivíduo, a fim de mitigar a opressão aos idosos e reverter o quadro de descartibilidade social. Assim, o cenário de “Up – Altas Aventuras” pode ser suavizado pela tomada de consciência para evitar violências simbólicas e garantir importância social ao grupo referido.