A valorização da cultura afro-brasileira ainda enfrenta desafios, refletindo uma sociedade que, muitas vezes, privilegia padrões eurocêntricos. Essa problemática permanece atual não apenas devido ao preconceito social, mas também ao abandono estatal, que intensifica os desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Nesse sentido, é preciso analisar as consequências sociais dessa questão.
A princípio, o descaso social em relação à cultura africana resulta da caracterização estereotipada de crenças e costumes afro-brasileiros. Conforme o geógrafo brasileiro Milton Santos, “o brasileiro não é nada além daquilo que a informação faz dele.” Expressões como “cor do pecado” e “cabelo ruim” reforçam representações preconceituosas, desvalorizando a identidade e a manifestação individual da pessoa negra. Dessa forma, a ridicularização do modo de viver afro-brasileiro fragiliza sua individualidade e afasta sua integração sociocultural.
Ademais, o abandono governamental reforça o desinteresse pela preservação e valorização da herança africana no Brasil. Segundo a filósofa francesa Simone de Beauvoir, “o mais escandaloso de um escândalo é a sua normalização.” Sob essa ótica, a predominância de representações eurocêntricas nos meios social, educacional e literário reduz o espaço para a cultura afro-brasileira, perpetuando a segregação cultural e reforçando o preconceito estrutural.
Faz-se necessário, portanto, adotar medidas para remediar esse impasse. Cabe ao Ministério da Educação e Cultura criar uma Entidade Nacional de Valorização da Cultura Afro-brasileira, promovendo séries, filmes, livros, feiras e eventos voltados para toda a população, com o intuito de informar e desconstruir entraves sociais, garantindo a preservação e valorização da herança africana no país. Assim, será possível efetivar o ideal modernista para a pluralidade étnica e cultural no Brasil.