ENEM 2022: “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”

No filme “Moana” é mostrado a valorização da população nativa do Havaí, onde os conhecimentos eram repassados para as gerações futuras e a natureza contemplada. Fora da ficção, infelizmente, a narrativa destoa da realidade brasileira, na qual, com o passar dos anos, a valorização das comunidades tradicionais é dificultada. Assim, são visíveis problemas relacionados à negligência governamental, bem como à formação do ideal nacional desde o período colonial.

    Diante desse contexto, o Estado não garante a inserção dos povos originários na sociedade. Dito isso, a Constituição de 1989 promove direitos invioláveis aos cidadãos, o acesso à educação, alimentação e à saúde, por exemplo, porém, ações que colocam em risco a continuidade dos indígenas no país tornaram-se mais frequentes. Nesse sentido, a busca constante por capital faz com que mais queimadas e desmatamentos os ilegais se instaurem na Amazônia, estado com a maior concentração dessas famílias, que aumenta o agronegócio e destrói a natureza, consequentemente, as terras dos nativos. Por conseguinte, vivem à mercê do corpo social, já que não conseguem participar ativamente na comunidade, como, ter um número baixo de povos tradicionais em cargos de prestígio na política, que contribui com a “extinção” destes. Logo, é visível o pouco valor dado a essas pessoas, que apesar de fazer parte da nação brasileira, a baixa importância que recebem demonstra que, para muitos, não merecem ser respeitados e valorizados.

    Ademais, a desvalorização dos povos tradicionais é um fato intrínseco à formação do Brasil. Dessa forma, o povo brasileiro foi criado em uma estrutura social de sobreposição da cultura branca e desvalorização das demais, esse movimento é visto desde a chegada dos portugueses à “América”, tendo em vista o genocídio em massa dos indígenas e a obrigatoriedade de seguirem uma nova religião, o Cristianismo, e adotar o português como língua. Nesse viés, o imperialismo europeu marca a sociedade atual, ou seja, o pensamento de superioridade sobre as comunidades tradicionais que viviam no território antes de sua “descoberta”. Dessarte, é necessário uma mudança no quadro hodierno, pois, se nada for feito, a atual conjuntura estará fadada ao fracasso.

    Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Para isso, as Secretarias da Cultura de cada unidade federativa, em conjunto com as escolas de todo país, deve promover a valorização dos povos originários, por meio de palestras com representantes dessas comunidades, a fim de ofertar e promover a troca de conhecimento entre essas duas realidades, do tradicional e contemporânea. Ainda mais, as palestras podem ocorrer em espaços digitais como o YouTube e a Meta com objetivo de alcançar mais pessoas. Espera-se, com isso, que a valorização de comunidades e povos tradicionais se torne uma realidade no Brasil.