Conforme o artigo 3° da Constituição de 1988, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é eliminar as desigualdades sociais e regionais, mediante políticas públicas eficazes. Todavia, esse artigo é pouco priorizado, tendo em vista a falta do amplo acesso populacional às telas de cinema. Nesse prisma, cabe analisar o contexto socioeconômico dos brasileiros, bem como a negligência estatal diante de tal problemática no país.
É relevante enfatizar, a princípio, que grande parte da população de renda baixa tende a ser excluída do universo do cinema. Isso porque, segundo defendeu o sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria denominada “Dominação simbólica”, o capital cultural, obtido a partir de práticas e valores do convívio familiar, supervaloriza a classe superior em detrimento das demais, o que torna a sociedade um espaço excludente. Sob tal ótica, as empresas exibidoras de cinema expandem suas construções em grandes cidades – locais de maior concentração de renda –, pois tais ambientes geram um maior poder lucrativo. Dessa forma, a visão capitalista das empresas de entretenimento intensifica a desigualdade social, à medida que inibe a participação da população periférica e do interior como telespectadora na área do cinema.
Outrossim, a falta de investimento do Estado em infraestrutura urbana também é outro obstáculo para a democratização do acesso ao cinema. Nesse viés, conforme defendeu o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico”, sendo todas as partes fundamentais para o perfeito funcionamento social. Assim, para que o organismo social seja igualitário e coeso, é fundamental a atuação do Estado em melhorias significativas na conjuntura sobreposta à realidade. No entanto, a falta de políticas eficazes voltadas para a efetivação do entretenimento nacional torna-se um empecilho e precisa ser contornada.
Diante do exposto, é evidente que medidas são necessárias para garantir o pleno acesso nacional às salas de cinema. Para tanto, o Ministério da Cidadania – responsável por garantir os direitos civis –, em parceria com o Governo Federal, deve promover melhorias nos espaços periféricos e interioranos, por meio de verbas governamentais, as quais serão destinadas para a construção de cinemas equipados, com o fito de democratizar o acesso do telespectador cinematográfico. Feito isso, os preceitos contidos na Carta Magna brasileira serão, finalmente, concretizados.