Endividamento das famílias brasileiras no cenário atual

O filme “Até que a morte nos separe” narra a trajetória de Tino, que ostenta uma vida luxuosa, e após perder todo o seu dinheiro passa a enfrentar dificuldades para pagar suas contas. Fora do ficcional, a realidade das famílias brasileiras se aproxima a do personagem no que tange ao endividamento, e é atenuada por falta de uma educação financeira e pelo desemprego. Com isso, para mitigar os males relativos à temática, deve-se solucionar as raízes da problemática.

Sob esse viés, evidencia-se a falta de acesso do corpo social a uma educação que inclua o tema finanças, o que acaba dificultando o gerenciamento do dinheiro por parte dos brasileiros. A exemplo, o pensamento do filósofo Immanuel Kant, que retrata a educação como ferramenta capaz de modelar o comportamento dos seres humanos. Contudo, o Brasil não utiliza do meio proposto pelo filósofo, haja vista que o governo negligencia esse conteúdo, não o tornando acessível para todos, como resultado desse descaso, a população se encontra cada vez mais endividada, tendo em vista que, como não sabem administrar o próprio dinheiro,  e como consequência acabam comprando mais do que podem pagar. Dessa forma, como apresentado pela visão de Kant, esse cenário só será modificado quando cidadãos tiverem contato com a educação financeira.

Outrossim, em consonância com a escassez de conhecimento, há também o desemprego como dificuldade para diminuir o problema. É notório que a pandemia do Covid-19, iniciada no Brasil em 2020, tem influência nos números de pessoas sem emprego, que no primeiro trimestre de 2022 era de aproximadamente 11,9 milhões, segundo dados divulgados pelo IBGE. Desse modo, sem um trabalho e consequentemente sem dinheiro, em um cenário pós pandêmico em que os preços estão elevados, manter as despesas básicas, tal como alimentação, se torna uma tarefa impossível, levando essa população a comprar em cartões de crédito ou a prazo, acumulando assim, dividas que não serão pagas. Nesse aspecto, é fundamental diminuir as consequências econômicas causadas pela pandemia para assim dá oportunidades para que os brasileiros não fiquem endividados.

Portanto, medidas devem ser tomadas para evitar o endividamento das famílias brasileiras. Cabe ao governo, por meio do Ministério da educação, criar um projeto que implante a educação financeira na grade curricular das escolas e universidades -desde o ensino infantil até o ensino superior-, com atividades diferentes  de acordo com cada idade, tais como palestras, apresentações e jogos, com a finalidade de levar conhecimento da temática para que seja possível modificar o comportamento da população em relação ao dinheiro, e não ocorram casos iguais ao ocorrido com Tino no filme. Além disso, o governo, por intermédio de investimentos, deve criar empregos em todos os setores- primário, secundário e terciário- e diminuir a inflação em produtos da alimentação e serviços como luz e água, com o objetivo de garantir que os brasileiros consigam sobreviver sem precisar se endividar.