A pandemia do coronavírus (COVID-19) trouxe o debate do impacto gerado pelo ensino a distância e a questão do ensino domiciliar no Brasil. Sob esse aspecto, é notório que este, também chamado de homeschooling, é romantizado por muitas famílias que ignoram o fato de que ele, na prática, minimiza a importância das instituições educacionais e priva os estudantes da interação proporcionada pelas escolas regulares. Assim, é imperioso debater o assunto em questão no país e propor soluções que valorizem a educação regular.
Convém ressaltar, a princípio, que, mesmo diante de óbices existente na educação brasileira, a escola é um direito social de caráter insubstituível, pois promove o compartilhamento de conteúdos, experiências e aprendizados acadêmicos e sociais em um ambiente único e preparado/equipado para isso. Desse modo, famílias adeptas ao homeschooling reduzem a importância do lócus escolar e da capacitação dos docentes ao considerá-los incapazes de atender às suas preferências pedagógicas, como quando são contrários a discussão escolar de assuntos estigmatizados e de cunho social, os quais são fundamentais para criar consciência dos alunos. Com efeito, ao desconsiderar a necessidade das escolas, muitas famílias contrariam o papel destas, reconhecido legalmente no art. 205 da Constituição Federal de 1988, como responsáveis pela educação juntamente com a sociedade e a família; e contribuem para a idealização do ensino domiciliar.
Ademais, a prática do homeshooling afasta o aluno do seu segundo meio de socialização, de acordo com o sociólogo Émilie Durkheim, onde ele experimenta uma interação social fundamental ao seu desenvolvimento como cidadão. Assim, os estudantes, longe da escola, não participam de dinâmicas e atividades grupais que exercitam a capacidade de lidar com indivíduos diferentes e possibilita criação de laços afetivos fora do contexto do lar. Destarte, a educação domiciliar diminui os meios de sociabilidade.
Em suma, faz-se impreterível agir para atenuar essa problemática. Para isso, o Ministério da Educação deve criar um projeto quinzenal destinado a escolas da rede pública e privada que tonifique a necessidade do ensino regular por meio de palestras aos pais e responsáveis ministradas por pedagogos, a fim de incutir neles o reconhecimento da capacidade das instituições e sua função socializante. Além disso, a mídia deve iniciar uma campanha nas redes sociais chamada “Por quê precisamos da escola?” que, por meio de vídeos dinâmicos, exponha os benefícios do meio escolar com o propósito de mitigar ideias adeptas ao homeschooling na sociedade. Em síntese, a questão do ensino domiciliar no Brasil não ganhará força e a escola será vista por todos os brasileiros como insubstituível.
mariacianne
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