É justificável cometer um crime para vingar outro?

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“Olho por olho, dente por dente”, eis uma frase bíblica que não poderia melhor ilustrar a sociedade atual; a legitimidade da vingança vem ganhando força na contemporaneidade. Não obstante, contornar as leis para satisfazer a sede por uma suposta “justiça”, diante dos malefícios que essa prática traz, não pode ser justificável, precisamente por não ser algo moral, tampouco racional.

É problemático o fato de que o ser humano tende a deixar-se levar pelas emoções. Tomemos como exemplo um homem no trânsito, que se depara com um motorista que o fecha repentina e perigosamente. Esse homem, se lhe falta controle emocional, será tomado pela raiva e pelo sentimento de vingança; é assim que muitos tiroteios no trânsito começam. Sob outra visão, se este tivesse usado a razão, pensaria que talvez o motorista corria devido a uma emergência médica. Desse modo, percebe-se que a vingança raramente possui natureza racional.

No episódio “White Bear” da série Black Mirror, uma mulher, cúmplice de um crime hediondo, é diariamente torturada, tanto fisica quanto psicologicamente, perante toda a população. Diante disso, é importante questionar: até que ponto vai a perversidade humana? Ao retribuir com a mesma moeda, tornamo-nos tão agressivos quanto os criminosos julgados, sob o pretexto de uma justiça individual. Semelhante à ficção, o indivíduo parece estar mais disposto a sujar as mãos para proteger sua honra e orgulho do que sua moral e ética.

Portanto, torna-se evidente que, ao cometer um crime em nome da vingança, o ser humano não age como um ser racional ou moral, distanciando-o de um ato de justiça. Aristóteles afirma que é fácil zangar-se com alguém, porém fazê-lo da maneira correta e pelos motivos certos é difícil. Apenas quando o homem conseguir equilibrar suas emoções com sua razão e, consequentemente, seus princípios, a sociedade há de alcançar a paz.

Não é uma redação estilo ENEM, mas sim no modelo dos vestibulares (não precisa de proposta e nem tantos conectivos).