Ditadura da beleza no século 21

Na mitologia grega, Procusto era um bandido que vivia na floresta e tinha uma cama de ferro exatamente do seu tamanho. Ele obrigava viajantes a deitarem na cama e se maiores, Procusto os cortava, se menores, os esticava para que se adequassem perfeitamente. Analogamente à realidade, <span;>os padrões sociais induzem a população a busca por corpos perfeitos, adquiridos a partir de procedimentos estéticos, que acarretam consequências graves a saúde. Dessa forma, tanto a mídia quanto a sociedade influenciam essa problemática.

De início, vale ressaltar que o ideal de perfeição proposto pela mídia alicerça o culto negativo ao corpo. Essa situação ocorre pois amplia-se a pressão social na busca por físicos antinaturais que estejam inclusos no padrão, para que assim, o indivíduo passe por modificações e tenha a aceitação social. Um exemplo dessa influência, é a mensagem fantasiosa proposta pela  boneca Barbie, que induz meninas e mulheres a espelharem-se no brinquedo angelical, e a tornarem-se “Barbies humanas”, mesmo que isso seja inalcançável. Assim, acentua-se a ditadura estética e as mulheres tornam-se escravas desse protótipo irrealista, que as pode levar a complicações de saúde graves.

Ademais, é inegável que a sociedade é um dos fatores determinantes para a continuidade da situação. O culto a padronização em redes sociais e a inspiração em modelos e atores faz com que os indivíduos adquiram uma vaidade desenfreada e amplia a busca por procedimentos estéticos. Todavia, muitas vezes, esses processos são feitos de forma invasiva, irresponsável e clandestina, o que pode gerar consequências como a perfuração de órgãos, hematomas, infecções e sangramentos. A exemplo, o caso de grande repercussão da modelo e dançarina Andressa Urach, que no ano de 2014 teve graves complicações devido a aplicação de hidrogel nas pernas. Andressa teve quadros de infecções e necrose nos músculos das pernas, o que a levou a ficar meses no hospital para se recuperar. Dessa forma, é fato que ocorrem muitos casos como o da modelo no país, evidenciando que isso pode levar a finais trágicos.

Diante do supracitado, é fato que os meios midiáticos e a sociedade impõem padrões estéticos negativos. Destarte, cabe a própria mídia e as grandes empresas que trabalham com imagem, trazer mais diversidade de corpos em comerciais, anúncios e na indústria da moda, dando espaço para modelos e influencers com o físico real, para disseminar a mentalidade cristalizada de perfeição. Em suma, a desconstrução de estereótipos e a aceitação por parte da sociedade, diminuirá a necessidade de se enquadrar em modelos pré definidos, cessando a carência de alterar o corpo e de causar riscos a saúde, assim como fazia Procusto com os viajantes.