Descarte de resíduos sólidos na natureza

A Constituição Federal de 1988 – documento jurídico supremo do país – assegura a todos os cidadãos brasileiros o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Fora dos papeis, no entanto, as premissas constitucionais encontram-se deturpadas, uma vez que o descarte de resíduos sólidos na natureza surge como um complexo desafio ambiental a ser sanado. Nesse cenário, pode-se afirmar que a inoperância estatal e apatia social da sociedade agravam essa situação.

Primeiramente, é fundamental salientar, diante dessa conjuntura como a negligência governamental fomenta o descarte inadequado de resíduos sólidos. Nesse sentido, segundo o provérbio popularizado nos quadrinhos do Homem Aranha escrito por Stan Lee, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. O panorama brasileiro, contudo, vai de encontro com a premissa de Lee, visto que a máquina pública, mesmo demostrando alto poderio para atenuar impasses, mostra-se irresponsável ao não realizar ações que poderiam mitigar a destinação ecologicamente adequada dos resíduos sólidos, a exemplo da implementação de sistemas de reciclagem eficientes nos centros urbanos. Logo, enquanto a má atuação do Estado permanecer vigente, os estorvos para ter-se um país ambientalmente equilibrado continuarão a afligir a nação.

Ademais, é pertinente ressaltar a ausência de engajamento social como fator que corrobora o descarte intrínseco irregular de lixo na natureza. Acerca disso, de acordo com o filósofo Hans Jonas, a sociedade deve agir de maneira responsável para garantir a permanência da vida humana na Terra. Entretanto, as ações coletivas refutam tal princípio, já que maioria das pessoas jogam o lixo em vias públicas ou em aterros clandestinos, e, consequentemente, não só polui o solo mas também lençóis freáticos, colocando a saúde pública em risco. Por fim, entende-se que, para minimizar o problema, o desinteresse da sociedade deve ser erradicado.

Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério do Meio Ambiente -órgão responsável pela defesa e conservação do meio ambiente- elaborar campanhas publicitárias voltadas a responsabilidade socioambiental dos cidadãos, a fim de amenizar o descarte irregular de resíduos sólidos na natureza. Outrossim, fica a cargo do Ministério do Esporte estimular a prática de Plogging -esporte que combina corrida com recolhimento de lixo- com a finalidade de mostrar as pessoas que é possível preservar o meio ambiente praticando exercícios físicos. Com essas medidas, espera-se cogitar um Brasil com o tão sonhado “meio ambiente ecologicamente equilibrado”, assegurado na Carta Magna.