Desafios para promoção do parto humanizado no Brasil

O documentário “O Renascimento do parto”, dirigido por Erica de Paula e Eduardo Chauvet, faz uma crítica severa à realidade obstétrica no Brasil ao defender veemente o parto natural humanizado detrimento do parto cesáreo, que aumentou significativamente no país. Tal questão torna-se problemática, uma vez que este aumento está relacionado à desinformação e falta de ética por parte dos profissionais da saúde, o que faz com que a implementação do parto humanizado mostre-se como um desafio a ser superado pelos brasileiros.

Indubitavelmente, uma das causas principais da adesão da cesariana em detrimento do parto normal é a desinformação acerca do mesmo. A Organização Mundial da Saúde considera como índice aceitável 15% de cesáreas no total de partos, entretanto, no Brasil, a taxa atinge 52%. Isso decorre da mitificação que circunda o procedimento, levando mulheres a desistirem do mesmo por acreditarem que este se dará sempre de forma insuportavelmente dolorosa ou mesmo que estará sempre acompanhado da episiotomia, esquecendo-se porém, dos inúmeros benéficos que a optação trará para si própria e para o bebê.

Além disso, a negligência dos médicos e demais profissionais da saúde apresenta-se como um desafio na promoção do parto humanizado no Brasil. O Sociólogo Michael Foucault reitera por meio da sua concepção chamada “o texto primário”, que a produção do discurso tem por objetivo conduzir a sociedade à um pensamento homogêneo análago aos ideais do interlocutor. Tal concepção é perceptível no discurso de médicos, que têm incentivado cada vez mais as mulheres a aderirem o parto cesariana, visando apenas a comodidade que terão no processo, por este se dar de forma mais rápida e simples.

Tendo em vista os fatos expostos, providências tornam-se imprescindíveis. Ao Ministério da Saúde, em parceria com hospitais da rede pública e privada de saúde, compete o dever de promover campanhas que ressaltem os benefícios do parto normal humanizado, além de desmitificar fatos relacionados à ele, a fim de fazer com que mais mulheres optem pelo procedimento. Ao Ministério da Justiça, em conformidade com Conselho Federal de Medicina, cabe a função de fiscalizar os profissionais da saúde, com objetivo de evitar que estes possam influenciar direta ou indiretamente as mulheres a fazerem escolhas que contrariem sua própria vontade em detrimento da comodidade do médico. Concretizando-se tais medidas, reduzir-se-á os desafios para promoção do parto humanizado no Brasil.