Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

     Para Djamila Ribeiro, para pensar em uma solução para certa realidade é necessário tirá-la da invisibilidade. No entanto, no que concerne à invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, essa máxima não é verificada, o que configura um grave problema. Nesse contexto, faz-se mister apontar como algumas causas: o legado histórico e a omissão governamental presentes na sociedade brasileira.

    Em primeiro plano, é fulcral a análise do legado histórico acerca da permanência dessa problemática. Para Claude Lévi-Strauss, para entender adequadamente  as ações coletivas de uma sociedade é preciso interpretar através de eventos históricos. Nesse sentido, é necessário retomar a escravidão feminina nas atividades de trabalho no Brasil, fato que deixa marcas na sociedade desde o século XVI. Esse contexto histórico ainda gera a banalização das tarefas exercidas pelas mulheres, causando a ausência de direitos e o menosprezo desses trabalhos. Logo, é inadmissível que esse cenário perdure na sociedade brasileira.

Além disso, a omissão governamental possui parte agravante na invisibilidade do trabalho realizado pela mulher, uma vez que a lacuna legislativa ocasiona a irregularidade das atividades exercidas, não assegurando a remuneração devida à essas mulheres. Ocasionando a permanência dessa prática, que tem por consequência a discriminação da mulher no papel de cuidadora. Conforme Locke, as leis devem ser criadas para os homens e não para as leis. Sendo assim, vê-se necessária uma regulamentação para prover o direito à qualidade de trabalho tornando visível o papel dessas mulheres.

Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. O governo brasileiro, associado ao poder legislativo- responsável pela criação de leis- deve requisitar a criação de uma lei trabalhista que regulamente a atividade laboral exercida pelas mulheres, a fim de proporcionar direitos e dignidade à esse público e diminuir a permanência do problema. Dessa forma, a prática do cuidado exercido pelo grupo feminino será visível, concretizando a máxima de Djamila Ribeiro.