“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalhador de cuidado realizado pela mulher no Brasil”

Durante a Pré-História havia uma divisão de tarefas baseado no gênero em que os homens eram responsáveis por caçar e as mulheres pelos afazeres domésticos e manutenção da família. Seguidamente, na atualidade o público feminino ainda é maior feitor do trabalho do cuidado mas, infelizmente, vivencia desafios para o enfrentamento da sua invisibilidade no Brasil. Logo, é crucial a análise das causas do impasse, as quais destacam-se: a falsa ideia de dever natural e a omissão do Estado.

Diante desse cenário, é importante destacar que a atividade laboral de assistência é normalmente atribuída a mulheres. Só para ilustrar, na teoria do homem cordial o autor Sérgio Buarque de Holanda afirma que o brasileiro é um povo simpático, mas que usa da sua amabilidade para disfarçar suas relações de violência. Nesse sentido, a cordialidade prevista por Sérgio Buarque leva o imaginário nacional coletivo a enxergar mulheres como figuras maternais, cuidadosas e voltadas para o lar e, dessa forma, a falta de remuneração e valorização é camuflada. Ou seja, tem-se que uma figura feminina cuidar de crianças, por exemplo, não é um trabalho propriamente dito e sim apenas sua função na sociedade. Desse modo, é notável como a visão equivocada do público feminino influencia a escassez de visibilidade do trabalho do cuidado.

Ademais, a negligência estatal também urge ser considerado. A esse respeito, o filósofo contratualista Rousseau defende a ideia de que o Poder Público é responsável por promover igualdade à população. Entretanto, a realidade brasileira distoa desse pensamento ao ser evidente a ausência de medidas que executem, não só a paridade de gênero na realização do labor de existência, como também a valorização das mulheres que o executam, a exemplo da falta de leis e garantia de salário justo. Assim, é inadmissível que esse cenário perdure.

Portanto, a visibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres precisa ser regra no Brasil. Ou seja, cabe ao Governo Federal promover uma campanha de conscientização por meio de postagens educativas que, por exemplo, incentivem homens a participarem dessa labuta. Nesse viés, essa ação teria a finalidade de mudar a visão errônea da mulher e garantir a igualdade de gênero. Por fim, espera-se com isso afastar o Brasil contemporâneo da Pré-História.