Desafios para combater a prática de bullying no ambiente escolar

Na música “Nurse’s Office”, de Melanie Martinez, é retratada a experiência de desconforto da personagem em relação ao ambiente escolar, onde ela enfrenta o bullying praticado por seus colegas de classe e, a todo momento, finge estar doente para ir embora. Semelhantemente à realidade, infelizmente, isso ocorre com diversos estudantes nas instituições escolares, onde muitos são vítimas das humilhações e intimidações realizadas pelos demais alunos e, por consequência, acabam deixando de frequentar as escolas. Logo, é necessária a análise dos obstáculos que contribuem para esse triste quadro: a negligência governamental e a influência midiática.

Em primeira análise, vale destacar que o descaso estatal intensifica os desafios relacionados ao combate à prática do bullying. Conforme a Constituição Federal de 1988, é dever do Estado garantir o direito à liberdade, à segurança, à vida e à educação. Entretanto, nota-se que tal prerrogativa não é cumprida de fato, visto que a fragilidade da segurança em ambientes escolares, a falta de financiamento para programas de prevenção e intervenção, e a ausência de políticas públicas eficazes são causas que colaboram para esse cenário de agressões contra alunos, resultando na evasão escolar e na diminuição do número de jovens que frequentam instituições de ensino. Posto isso, enquanto a omissão do Estado se mantiver, o governo permanecerá distante de uma resolução efetiva do combate a esses maus-tratos.

Além disso, convém ressaltar, ainda, a atuação da mídia na vida de muitos jovens como fator que agrava a prática do bullying nas escolas. Segundo o escritor George Orwell, “a massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”. Sob essa perspectiva, pode-se relacionar essa frase às influências midiáticas, uma vez que a mídia frequentemente molda normas e padrões sociais, definindo o que é considerado aceitável ou desejável em termos de comportamento e aparência, através de várias exibições de entretenimento, e pode perpetuar estereótipos e ações que incentivam a prática de intimidações contra alunos, ocasionando um ciclo de agressões e impactando a saúde mental de inúmeros jovens que estudam. Diante disso, a persuasão midiática resulta no agravamento das agressões e humilhações dentro dos ambientes escolares.

Portanto, cabe ao governo, órgão responsável por assegurar os direitos aos cidadãos e a existência de todos, investir mais no desenvolvimento de projetos de prevenção, incluindo treinamento de professores e funcionários, por meio da alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias -redirecionando verbas para essa área como prioridade -, a fim de lidar com situações de bullying de maneira eficaz. Ademais, urge que a mídia, um dos principais meios de formação de opinião da sociedade, criar muitas campanhas de conscientização voltadas às agressões nas escolas praticadas pelos alunos, por meio de anúncios e documentários, na intenção de diminuir os casos de violência nas instituições de ensino. Assim, através de um esforço tanto por parte governamental quanto por parte midiática, será possível construir um ambiente escolar mais seguro e acolhedor para todos os estudantes.