“Desafios para a valorização de povos e comunidades tradicionais do Brasil”

No clássico livro “Iracema”, a figura indígena é colocada num pedestal idealizado. Infelizmente, fora da literatura, a realidade distoa dessa utopia pacífica, pois é notável a falta de valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. Portanto, se faz crucial a análise das causas e consequências do impasse, as quais destacam-se, respectivamente: o preconceito histórico e os conflitos entre esses grupos e agentes econômicos.

A princípio, é importante destacar que, a herança cultural europeia ainda resulta nos preconceitos sociais atuais. Isto é, durante o pseudo descobrimento do Brasil, os portugueses imporam seus costumes aos nativos locais, sem praticarem a alteridade. Atualmente, isso gera ideias depreciativas desses povos, tal como “índios são preguiçosos” pois, por exemplo, os indígenas de 1500 viviam de modo extrativista, não entendendo assim, a lógica capitalista de produção lusitana, especialmente as típicas “Plantation” de cana. Logo, é notável como a colonização influencia na desvalorização desses grupos.

Ademais, os resultados dessa problemática também deve ser levado em conta. Nesse sentido, em 2017, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), emitiu um decreto visando preservar e reconhecer esses povos típicos brasileiros. Entretanto, esse decreto, entre outras medidas, salvaguarda regiões naturais com grande potencial econômico, o que “bate de frente” com os interesses de empresas como madeireiras, que exploram áreas próximas, tendo destaque especialmente a região da Floresta Amazônica. Um grande exemplo atual dessa divergência de interesses são as brigas violentas entre comunidades Ianomânis e garimpeiros regionais. Então, é inadmissível que esse cenário perdure.

Assim sendo, medidas devem ser tomadas para resolver o problema. O Governo Federal, especificamente o Ministério da Educação (MEC), deve mediar os embates entre aldeias indígenas e empresas, visando acabar com a violência desnecessária. Isso deve se dar por meio da aplicação de multas severas à pessoas que, por exemplo, invadirem essas áreas protegidas. Além disso, campanhas de conscientização devem ser realizadas em massa, para acabar com o racismo secular. Enfim, essas medidas teriam a finalidade de aproximar o Brasil à realidade utópica mostrada em “Iracema”.