Desafios para a inclusão educacional e social da pessoa autista no Brasil

Uma pedra, representando, simbolicamente um obstáculo diante da trajetória do eu lírico. É  isso que se vê no poema “No meio do caminho” de Carlos Drummond de Andrade. É possível relacionar essa metáfora com a falta de inclusão educacional e social da pessoa autista no Brasil. Nesse prisma, é importante analisar os desafios que envolvem essa questão no país.
De início, verifica-se que o Poder Público mostra-se omisso ao  permitir a falta de inclusão educacional da pessoa autista em escolas regulares. Isso porque existe uma falha no processo de conscientização, uma vez que falta estimular a aceitação de crianças autistas no âmbito escolar, possibilitando tabus e preconceitos aos indivíduos portadores de TEA, o que prejudica a sua inclusão no meio escolar, acometendo seu desenvolvimento na sociedade, por exemplo. Desse modo, verifica-se que o governo, por não assegurar o  bem-estar de todos os cidadãos, desrespeita o contato social teorizado pelo filósofo Thomas Hobbes.
Além disso, observa-se que aceitar a falta dessa inclusão é banalizar o mal. Porém, uma parcela populacional tem apresentado certa apatia diante da ausência de investimento financeiro estatal na capacitação de profissionais da área da educação, como professores e coordenadores, o que dificulta na comunicação entre crianças portadores de TEA, impossibilitando a sua interação com o meio social. Recorrendo as reflexões da filósofa Hannah Arendt para explicar esse quadro, constata-se que a massificação da sociedade tem afetado a capacidade do indivíduo discernir moralmente o certo e o errado, ficando, assim, inertes.
Cabe, afinal, admitir que a falta de inclusão educacional e social da pessoa autista deve ser superada. Logo , é necessário exigir do Estado, mediante debates em audiências públicas, a conscientização social sobre a importância da aceitação dessas crianças em escolas regulares, priorizando a inclusão das mesmas no meio escolar, com o objetivo de desenvolver através da educação à interação na sociedade e promover o respeito mútuo. Ademais, é fundamental sensibilizar a população, via campanhas midiáticas produzidas por ONGs, sobre a importância de se adotar uma postura não resignada perante, a inclusão, potencializando, assim, a mobilização coletiva em prol de cursos de capacitação de especialistas da área, permitindo o acesso à educação de qualidade. Desse modo, diferentemente do poema de Drummond, seria possível remover as “pedras” do caminho.