Iniciante

Desafios para a inclusão da pessoa autista

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No filme “Jack tatu” da Netflix, é retratado o drama ao redor da vida do personagem homônimo, o qual possui uma síndrome grave dentro da faixa patológica autista. Ao longo da trama, a narrativa revela as perseguições e abusos físicos perpetrados por indivíduos maldosos ao jovem protagonista que, além disso, enfrenta sérias dificuldades de aprendizado na escola em relação aos seus outros colegas de classe. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada no filme pode ser relacionada àquela do século XXI: a inclusão da pessoa autista enfrenta desafios nas várias esferas sociais e intelectuais no que tangem, respectivamente, ao preconceito da população e à falta de adaptabilidade das instituições.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a discriminação, por parte das pessoas, de deficientes com esse tipo de comorbidade resulta em um problema para a inclusão social dos mesmos nos dias de hoje. O filósofo e escritor Herbert Marcuse, da escola de Frankfurt, ao observar o comportamento dos “veteranos” universitários para com os seus calouros e o fenômeno do “trote” praticado pelos primeiros, desenvolveu a ideia da marcação social: indivíduos para entrar em um grupo, ou mesmo em toda a sociedade, precisam passar por um processo semelhante à assinatura de um contrato, no qual o contratante é o coletivo, o contratado é a pessoa e as regras são o conjunto de valores da coletividade. Nesse sentido, o preconceito sofrido pelos autistas configura-se em uma tentativa violenta de enquadrá-los nos padrões considerados normais pelo resto da população. Assim, nota-se claramente que os atos discriminatórios para com esses grupos vulneráveis dificultam a socialização deles atualmente.

Ademais, é necessário salientar a baixa adaptação das instituições em geral às necessidades da parcela do povo inserida no espectro autista como um fator que causa a sua deficitária inclusão na vida intelectual contemporânea. De acordo com um dos inventores do cinema, René Lumiére, “a sétima arte é a que traz o conhecimento, da mesma forma que a filosofia primeira traz a sabedoria.” Visto por esse ângulo, observa-se que pessoas com autismo não gozam de absoluto acesso à educação e à informação, já que as salas de cinema não dispõem de elementos que atendam às especificidades do seu condicionamento mental, como por exemplo, o excessivo volume dos filmes e a ausência de um cuidador profissional nesses ambientes. Não só, o censo de 2010 do IBGE mostra que 99% das escolas e creches brasileiras não contam com salas especiais para deficientes. Logo, é patente a negligência adaptativa institucional como um desafio a ser superado.

É mister, portanto, que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para enfrentar o preconceito da população e melhorar a inclusão social da pessoa autista, urge que o Ministério da Educação e da Cultura desenvolva, por meio de alunos e professores de diversas instituições públicas do país, campanhas publicitárias que conscientizem o povo acerca do respeito às diferenças constituintes do autismo. Também, o Congresso Nacional deve oferecer, através de leis de direcionamento orçamentário, benefícios fiscais e recompensas tributárias às empresas e instituições que investem em maior adaptabilidade relativa ao condicionamento autista, com o intuito de promover a inclusão intelectual desses indivíduos. Somente assim, será possível acabar com o sofrimento dos vários “jacks tatus” espalhados por aí.

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2 Correções

  1. C1: 160
    Norma culta bem apresentada, mas esse “por aí” ficou estranho. Eu colocaria espalhados no tecido social vigente. Alguns erros de vírgula

    C2: 200
    Entendeu a proposta e não fugiu do tema em nenhum momento
    C3: 200
    Texto bem articulado e dentro do padrão pedido pelo enem

    C4: 200
    Texto bem conectado e vocabulário abrangente

    C5: 160
    Falta de detalhamento dos agentes. Agente 1 sem finalidade explícita por meio de conectivo de finalidade

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  2. Boa noite.
    Ponto 1 – “[…] ao redor da vida do personagem homônimo,[…]” Bom, talvez você queira dizer Homônio como nome próprio, mas pessoas homônimas são aquelas pessoas que possuem um nome idêntico a outra, e no seu caso você retratou que o personagem é homônio e ficou meio vago do por que ele é homônio, lembre-se que a alusão deve ser bem completa pois o interlocutor não conhece o filme/obra/história, etc.
    Ponto 2 – Sua introdução ficou ótima, você relacionou a alusão com o tema proposto, e propôs suas 2 teses que irá trabalhar: preconceito da população (1) e à falta de adaptabilidade das instituições (2).
    Ponto 3 – Achei válidos seus argumentos no D1, boa citação filosófica. Você também poderia optar por incrementar algum exemplo para dar mais enfâse no argumento principal, mas no geral está perfeito.
    Ponto 4 – D2 perfeito!

    Conclusão:
    1 proposta
    Efeito: Para enfrentar o preconceito da população e melhorar a inclusão social da pessoa autista.
    Agente: Ministério da Educação e da Cultura
    Ação: Desenvolver campanhas publicitárias que conscientizem o povo acerca do respeito às diferenças constituintes do autismo.
    Modo: Por meio de alunos e professores de diversas instituições públicas do país.
    Detalhamento: Nenhum.

    2 proposta:
    Efeito: Com o intuito de promover a inclusão intelectual desses indivíduos.
    Agente: Congresso Nacional
    Ação: Oferecer benefícios fiscais e recompensas tributárias às empresas e instituições
    Modo: Através de leis de direcionamento orçamentário
    Detalhamento: que investem em maior adaptabilidade relativa ao condicionamento autista. (estou meio na dúvida quanto a esse detalhamento, pois acho que ele é complemento da ação e não um detalhamento completo. Porém considerei pois não tenho certeza).

    Redação ótima, parabéns!

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