Desafios para a entrada e para a permanência dos jovens no mercado de trabalho

        “Soul”, recente animação da Pixar, apresenta a realidade de um músico frustrado, que só consegue se firmar e se encontrar em um emprego depois de permanecer a vida inteira tentando. Semelhantemente, o jovem contemporâneo acaba encontrando muita dificuldade para ingressar em um ofício nos seus primeiros anos da fase adulta, tal fato é conseguinte da falta de preparação recebida ainda no período escolar e as dificuldades criadas pelas empresas em contratar jovens sem experiência, devido a teoria da alta produtividade. Mediante a isso, torna-se indubitável debater acerca dos desafios para a entrada e para a permanência dos jovens no mercado de trabalho.

        Nesse sentido, a priori, é importante destacar que a educação brasileira não busca preparar os estudantes para o iminente mercado trabalhista que os adolescentes terão de enfrentar. Paulo Freire, importante pedagogo brasileiro, afirma: “A educação não transforma o mundo, educação muda pessoas, pessoas transformam o mundo”, contraditoriamente, o ensino brasileiro não busca mudar e instruir os jovens, preparando-os para a fase adulta e para as dificuldades que ocorrerão, apenas os coloca como meros objetos passivos que ouvem e repetem informações. Assim, as escolas nacionais não buscam instruir seus estudantes para o mercado de trabalho, dificultando muito mais todo o processo de ingresso e adaptação por parte destes.

      Outrossim, as empresas e indústrias também não buscam democratizar e facilitar o ingresso de jovens no mercado de trabalho, prática motivada pela cultura da produtividade em excesso e dos resultados instantâneos. A palavra “Coach” tem virado rotina no dia a dia dos grandes empreendedores e daqueles que trabalham na internet, tal conceito se refere a alguém que prega a filosofia da alta produtividade: é necessário estar a todo momento crescendo e progredindo, parar, é perca de tempo e dinheiro. Tal ideal dentro das empresas influenciou diretamente o método de contratação, atualmente, dar oportunidade a alguém sem experiência é errôneo, não lucrativo e não produtivo, haja visto que os benefícios obtidos através da contratação de um jovem na empresa só virá anos depois, quando este já estiver consolidado.

Portanto, ao se deparar com os empecilhos ligados à dificuldade de entrada e permanência dos jovens no mercado de trabalho, mudanças são necessárias. É preciso que o Ministério da Economia crie políticas de incentivo para a contratação de jovens pelas empresas, concedendo-as um benefício econômico para uma determinada quantidade de adolescentes presentes nas firmas, deixando-as mais flexíveis na contratação de pessoas sem muita experiência, ademais, cabe também à escola juntamente à mídia criar palestras de desenvolvimento pessoal e orientação para os estudantes que ingressarão nos trabalhos a fim de prepará-los da melhor maneira para reduzir as dificuldades dessa transição. Por meios como esses será possível facilitar a entrada e a permanência de jovens no trabalho e evitar casos, como, o da animação “Soul”.