Desafios para a conscientização dos malefícios que drogas licitas podem causar

Segundo Émile Durkheim, sociólogo francês, podem existir fatos sociais normais ou patológicos. Seguindo essa linha de raciocínio, observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe toda a harmonia social, visto que um sistema corrompido não pode favorecer o pregresso coletivo. De maneira análoga, depreende-se que em uma sociedade onde há indivíduos que desconhecem os malefícios causados pelo consumo de cigarro, álcool e outras drogas lícitas, não pode haver efetiva ordem e progresso e, portanto, faz-se necessário discutir a problemática da falta de conscientização a respeito do consumo dessas substâncias.

Em primeira análise, cabe evidenciar um estudo realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, o qual aponta que 26,4% da população brasileira adulta afirmou ter bebido semanalmente naquele ano. Outrossim, segundo dados do Vigitel/2019, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil é de 9,8%. Dessa forma, evidencia-se que uma grande parcela da população brasileira desconhece ou ignora os efeitos prejudiciais do consumo de álcool e de derivados do tabaco, os quais vão desde uma série de doenças crônicas não transmissíveis até problemas sociais como a violência e a desordem pública, caracterizando assim o ambiente patológico definido por Durkheim.

Ademais, cabe salientar que este fenômeno vigente em nossa sociedade é fruto também de políticas públicas ineficientes e de uma educação de baixa qualidade, afinal, como dito pelo filósofo prussiano Immanuel Kant, “O ser humano é aquilo que a educação faz dele”. Dito isso, está claro que ações governamentais se fazem essenciais para promover o bem-estar social e, por conseguinte, o efetivo desenvolvimento da nossa sociedade.

Em suma, após evidenciado todos os fatos, propõem-se que o Ministério da Educação, em conjunto com o Ministério da Saúde, avalie a possibilidade da inserção de uma disciplina de saúde e bem-estar social na matriz curricular das escolas brasileiras, a qual será regida por um profissional capacitado e contará com materiais didáticos desenvolvidos pelos ministérios envolvidos. Para além, urge que o órgão governamental promova à disseminação massiva de informações com relação aos efeitos nocivos do álcool, cigarro e de outras substancias licitas em todos os meios disponíveis, tais como em programas televisivos, programas de rádio, jornais, revistas e até nas redes sociais. O objetivo, dessa forma, é garantir mecanismos para que todos os cidadãos se conscientizem dos malefícios à saúde e ao corpo social que o consumo de substancias lícitas pode causar, promovendo assim uma sociedade que se desenvolve de forma mais equitativa.