Desafios no combate à fuga de cérebros no Brasil

     Carl Sagan, em seu livro “O mundo assombrado pelos demônios”, afirma que o conhecimento científico é como uma “vela no escuro”, isto é, uma esperança de progresso numa sociedade cada vez mais obscurantista. Nesse sentido, observa-se que, com a crescente evasão de cientistas do país – resultado do baixo investimento estatal na área –, o Brasil está em vias de apagar a “vela” do conhecimento científico e perecer no atraso social e no obscurantismo.

     Em uma primeira análise, cabe destacar que a debandada de pesquisadores para outros países decorre do escasso incentivo financeiro que a Ciência recebe em território nacional. Nesse sentido, considerando que o Artigo 218 da Constituição Federal de 1988 estabelece o desenvolvimento científico como prioritário, nota-se que esse dever não é plenamente efetuado, tendo em vista os sucessivos cortes de verbas que essa área vem recebendo no país. Desse modo, com seu âmbito de pesquisa sucateado, é natural o egresso de cientistas para o exterior, uma vez que lá encontrarão uma valorização maior.

     Esse cenário conduz, consequentemente, a um retrocesso coletivo, pois o trabalho científico é substancial para a inovação tecnológica e para o pleno desenvolvimento de setores como saúde e educação. Nessa perspectiva, o escritor Isaac Asimov, no livro “Eu, Robô”, imaginou uma sociedade em que a pesquisa científica se tornou tão avançada que todas as instâncias sociais obtiveram avanço na robótica, facilitando, assim, o trabalho humano. Analogamente, usando o Brasil como antítese, em uma sociedade em que a ciência não é devidamente valorizada só se pode observar o contrário pensado por Asimov: um corpo social estagnado no atraso social e no obscurantismo – já apontado por Sagan

     Portanto, com vistas a combater a ascendente saída de cientistas do país, cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com o Ministério da Economia, criar um programa de incentivo à pesquisa científica. Esse programa deve conter um auxílio financeiro extra aos pesquisadores, para que estes não precisem arcar com eventuais gastos em seus estudos. Isso pode ser feito por meio da postulação de um projeto de lei junto ao poder Legislativo, com o fito de diminuir a migração de cientistas brasileiros. Só assim o Artigo 218 será efetuado e o Brasil reforçará a “vela” do conhecimento.