Desafios da educação a distância no Brasil

    Na Grécia Antiga, os filósofos precisavam de muito tempo livre para buscar respostas sobre os fenômenos do mundo. Dessa forma, os indivíduos de camadas inferiores ficavam responsáveis pelas profissões laborais e eram privados do conhecimento. Já na realidade brasileira, o acesso à educação é mais amplo, mediante, principalmente, o ensino a distância, o qual é compatível com a disponibilidade de tempo e com os recursos financeiros da maioria da população. No entanto, sua qualidade e o comprometimento de seus alunos precisam ser discutidos juntamente com a exclusão dos que não possuem acesso à internet.

    Em primeiro lugar, para garantir que o mercado de trabalho brasileiro seja composto por profissionais capacitados é necessário que os estudantes tenham uma formação que os prepare de forma eficiente para o exercício de sua profissão e compromisso com os estudos. Assim, com o crescimento dos cursos EAD- segundo o Censo da Educação superior, publicado em 2018, um em cada cinco estudantes do ensino superior estudam a distância-, muitos especialistas na área da educação estão preocupados com a qualidade dessas instituições, em razão da pouca interação entre professores e alunos. Além disso, ao proporcionar uma maior flexibilização dos horários de estudo, a EAD exige mais disciplina dos discentes, os quais precisam estabelecer rotinas e metas adequadas ao seu estilo de vida.

    Em segundo lugar, como as plataformas de educação a distância geralmente são disponibilizadas em sites, a população que não tem acesso à internet é desprovida desse tipo de ensino. Sob tal perspectiva, como disse o educador Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Logo, essa exclusão digital que acentua a desigualdade social, só mudará criando meios de levar a oportunidade de aprendizado virtual a todos.

    Portanto, medidas precisam ser tomadas. A fim de proporcionar um padrão de qualidade dos cursos a distância, o Ministério da Educação deve promover a realização de exames qualificatórios ao final das formações, por meio de aplicações em unidades de ensino, de forma a certificar se o estudante foi bem ensinado. Ademais, o Ministério da Infraestrutura precisa instalar redes de internet pelo país, a partir de parcerias com empresas de telecomunicações, para garantir o acesso gratuito aos sites da EAD.