Demarcação de terras e a sobrevivência da cultura indígena

No documentário “Guerras do Brasil”, é discutido, de forma analítica, como a demarcação de terras e a sobrevivência da cultura indígena é uma questão histórica e persistente na sociedade brasileira. Desde o período colonial, a população indígena luta para ter seus direitos respeitados e essa situação tem se estendido até os dias atuais. Junto a tal circunstância, têm-se as causas para a permanência da mesma, das quais pode-se citar o etnocentrismo cultural e a expansão da fronteira agícola.

Acerca do etnocentrismo cultural, vale ressaltar que ele foi inserido no Brasil pelos colonizadores, que julgavam a cultura e a religião dos povos indígenas como sendo inferiores e impóprias. Mesmo que esse julgo não ocorra atualmente de forma dominante – como foi a catequização e a imposição da cultura europeia – percebe-se o quanto esse sentimento etnocêntrico ficou enraizado na sociedade brasileira. Sentimento esse que, por diversas vezes, apresenta-se na forma de preconceito e genocídio, como é o caso dos diversos indígenas que sofrem discriminação e dos 3.500 que foram mortos no Massacre do Paralelo 11, em 1960.

Relacionado ao cenário em questão, está o fato de que a expansão da fronteira agrícola, iniciada no século XX, tem contribuído para o fortalecimento do constante conflito entre fazendeiros, que lutam pelo direito de explorar as terras que estão sob o domínio dos indígenas, e os próprios indígenas, que querem permanecer ocupando essas terras. Essa situação é polêmica uma vez que vai contra a Constituição de 1988, que garante à população indígena o direito de obter a demarcação de suas terras e a preservação de sua cultura. No entanto, esses conflitos ainda são atuais, visto que, em 2016, mais de 100 indígenas foram assassinados, segundo o Conselho Indígena Missionário.

Assim sendo, nota-se a relevância desse assunto e a necessidade de tomar-se medidas que mudem essa realidade. Cabe então, ao Sistema de Proteção ao Índio (SPI), estabelecer políticas que visem assegurar os direitos dos indígenas, por meio da proposição de leis e da elaboração de campanhas de conscientização sobre a diversidade étnica e a importância de respeitá-la, a fim de derrubar o etnocentrismo, acabar com a discriminação e pôr fim aos conflitos de terras. Dessa forma, o contexto retratado em “Guerras do Brasil” será transformado.