Em determinada cena do premiado filme “Forrest Gump”, a amiga de infância do protagonista homônimo se depara com a impossibilidade de cantar em um bar, pois era constantemente interrompida e questionada por sua escolha de profissão. Para além da ficção, muitos indivíduos são sistematicamente acoados em seu ambiente de trabalho; um entrave que se baseia em supostos comportamentos que devem ser seguidos pelos trabalhadores – os quais têm efeitos deletérios para as vítimas. Diante esse cenário, o assédio moral retratado no cinema constitui-se como um impasse latente nas relações de trabalho brasileiras, causado por uma confusão entre os papéis de autoridade e subordinação à serem exercidos e, por conseguinte, pela dificuldade da sociedade em identifica-lo e puni-lo.
Primeiramente, a prática do assédio moral em ambientes de trabalho atuais se dá principalmente pelo desconhecimento dos limites entre exercer uma função adequadamente e se utilizar dela para prejudicar outrem. Em função disso, de acordo com o conceito de “realidades imaginadas” do historiador israelense Huval Noah Harari, muitas práticas instituídas na contemporaneidade – como a crença no Estado e em instituições privadas, por exemplo – dependem da concordância coletiva, sendo palautinamente modificados ao longo do curso da História. Paralelamente à realidade, percebe-se que as relações de poder exercidas em vínculos empregatícios são fruto de interpretações equivocadas, uma vez que considera-se válido usar a hierarquia para subjugar aqueles que estão abaixo dela. Assim sendo, dados recentes coletados pelo Instituto de Pesquisa de Risco Comportamental (IPCR) mostram a gravidade desse fenômeno, indicando que 41% dos entrevistados não revelariam situações de assédio vivenciadas no exercício de sua função. Desse modo, a problemática permanece sem solução à medida em que não é percebida pelo corpo social, o que agrava ainda mais a situação.
Ademais, a falta de percepção da coletividade em caracterizar o problema é uma consequência a qual o perpetua e impede ações afirmativas para combatê-lo. Em vista disso, a obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma” retrata a dificuldade do funcionário publico que dá nome ao livro em se relacionar com seus colegas, já que ele era alvo de chacotas por preferir a língua tupí em detrimento ao português. Dessa maneira, evidencia-se a negligência em sanar tais ações por parte da sociedade, as quais são tidas como simples brincadeiras e que, portanto, não constituiriam comportamentos que devem ser extinguidos. Logo, conclui-se que é preciso modificar essa situação, à partir de de estratégias as quais tenham o fito de efetivamente combater essas práticas, tornando os relacionamentos no trabalho mais seguros e acolhedores.
Portanto, medidas são necessárias para inibir a prática de assédio em ambientes profissionais. Urge que o Ministério do Trabalho, em parceria com o IBGE, promova sindicâncias especializadas em relações trabalhistas por meio de levantamentos atuais realizado pelo instituto de pesquisa, com a finalidade de coibir o assédio nas empresas e instituições que se mostrarem mas suscetíveis à prática desse crime de acordo com as informações coletadas, instituindo assim um mecanismo para salvaguardar a integridade dos acometidos. Além disso, cabe ao Governo Federal a criação de um portal eletrônico que vise informar a população em geral sobre as características dessa atitude, para que os que se sentirem lesados possam recorrer às autoridades competentes. Somente assim a realidade não se parecerá mais com o que aconteceu no longa-metragem, e muitos poderão usufruir completamente dos seus direitos.
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Sua redação está quase perfeita, não há muito o que dizer, mas gostaria de destacar alguns pontos:
*No primeiro parágrafo não necessariamente precisava de dois repertórios, o segundo repertório mais parece um recurso para “encher linguiça” (enrolar), o que pode acabar prejudicando seu texto e deixando-o negativamente mais extenso.
*Não seria melhor ter citado apenas o Governo Federal ou apenas o Ministério do Trabalho na proposta de intervenção? Pois, o Ministério do Trabalho e o Governo Federal estão retratados como órgãos relativamente desconexos.
*”Somente assim a realidade não se parecerá mais com o que aconteceu no longa-metragem…”, seria uma boa você retomar com alguma referência ao filme citado e não apenas à classificação do repertório.