Cultura e mudança social // MODELO ENEM

O Código Penal da República, redigido no final do século XIX, caracterizou a capoeira como crime, sendo essa segregada, mas não extinta. Atualmente, na realidade brasileira, embora a Constituição de 1988 garanta o exercício da cultura e a difusão das manifestações culturais, há movimentos grupais vitimados pela sociedade, sendo tratados e observados com preconceito, algo que corrompe culturas e estagna a nação. Assim, faz-se  necessário analisar os alicerces que sustentam esse estigma, a citar, a tímida abordagem da temática no ensino e a falta de empatia característica da contemporaneidade, no sentido de buscar desbancar tais bases prejudiciais.

Inicialmente, a deteriorada abrangência de conteúdo da importância da preservação da cultura e do respeito ao patrimônio imaterial alheio possibilita o desenvlvimento de concepções preconceituosas. Na Grécia Antiga havia a execução de guerras periódicas, entre gregos, todavia, mesmo com divergências políticas e econômicas, esses possuiam o respeito mútuo pelo fato de deterem da mesma cultura. Analogamente ao conceito histórico, é evidente relatar que o quadro do Brasil de não desfrutar da homogeinidade cultural faz com que indivíduos, imersos a si mesmos, deixem de enxergar e aceitar a pluralidade dos seres humanos que os circundam. Dessa forma, o cidadão brasileiro, inserido nessa lógica, condena a cultura do diferente e classifica-a como anormal, reforçando a existência de estigmas sociais danosos no século XXI.

Ademais, a manutenção desse óbice é fortalecida pelos ideais individualistas valorizados hodiernamente, os quais desvalorizam a relevância do outro. Segundo o filósofo franco-argentino Jacques Derrida a sociedade está repleta de aporia, a qual contradições morais, éticas e políticas são frequentes. Ainda mais, é perspectível observar que uma nação, que propaga oralmente empatia mas não a exerce, fomenta a estagnação social, já que as culturas por não serem somadas, são perdidas. Logo a infeliz mazela contribui para a redução da compreenção das relações que povoam a existência humana e seus significados.

Infere-se, portanto, que a cultura associada ao respeito e preservação precisa ter suas fundações bem estruturadas. Para tanto, o Ministério da Educação deve, com o suporte do Ministério da Cidadania, inserir a discussão acerca da diversidade cultural brasileira nas escolas, por meio das alterções na Base nacional Comum Curricular, as quais modificarão conteúdos da sociologia, filosofia e história, a fim de formar cidadãos menos preconceituosos e mais empáticos. Destarte, nessa via, A Constituição será de fato honrada e aporias sobre culturas serão minimizadas.