CULTURA DO CANCELAMENTO: BENÉFICO OU MALÉFICO?

O filósofo iluminista conhecido por seu pseudônimo, Voltaire, afirmou no século XVIII que errar é uma atitude humana muito frequente e é necessário ter tolerância frente a essas ações. Todavia, tal prática não se observa na sociedade atualmente, visto que a cultura do cancelamento é um grave empecilho no bem estar social e possui diversos valores maléficos ao convívio. Essa realidade traz como consequência a exclusão social e, consequentemente, a falta de empatia.

Sob esse viés, é notório que com o afastamento daqueles que vão contra os pensamentos da maioria da população, o desencadeamento de sentimentos de culpa e solidão trazem ao indivíduo atitudes e ideias sinônimas às de ansiedade. Dessa forma, o personagem principal Ralph, do filme infantil “Wi-fi Ralph” da empresa Walt Disney World, enfrenta dificuldades para lidar com os comentários preconceituosos e de baixo calão a seu respeito após publicar vídeos engraçados na “internet”, tendo emoções de desistência e incapacidade de executar aquilo que lhe agradava. De modo análogo à animação, percebe-se que muitas pessoas deixam de fazer o que gostam por razões de pré-conceitos e julgamentos negativos, tal situação não deveria acontecer, visto que em uma democracia a liberdade de expressão com argumentos cabíveis e respeitosos é direito do grupo social.

Ademais, a carência de diálogos compreensíveis é frequente nas mídias sociais, sendo assim, um desempenho impulsionador da falta de ética entre as conversas. Em adição, essa prática é vista no programa de entretenimento “Big Brother Brasil 2021”, da rede de televisão Globo, entre os fãs virtuais dos participantes do “reality show”, onde devido à falas desrespeitosas da cantora brasileira Karol Conká com um dos membros do grupo, os internautas fizeram ameaças mortais e anticonstitucionais à sua família. Em resumo, depreende-se que essa visão antipática e que viola o entendimento de que se pode errar e corrigir tais equívocos, muitas vezes afasta aqueles que possuem opiniões divergentes e constrói-se, então, um grupo de indivíduos de abordagens iguais e sem diversidade de posições pessoais.

Portanto, medidas são necessárias para combater a nociva temática. Para isso, é imprescindível que os responsáveis e criadores de aplicativos comunicativos crie, por meio de investimentos salariais e quantidade de empregados na equipe coordenadora, projetos eficazes que visem o ambiente saudável entre os canais “online” e com fiscalização punitiva e severa a qualquer tipo de desprezo e indução de ódio. Por conseguinte, a intervenção será divulgada nos sites midiáticos como Instagram, Facebook, Twitter e irá alcançar o público agente e alvo dos atos, com a finalidade de promover o respeito e a livre conduta de se expressar. Logo, a nação se tornará justa e entenderá os benefícios de se cometer ações de inexatidão para o desenvolvimento como corporação, assim como proferiu o pensador Voltaire.