Crônica sobre micromachismos na sociedade atual. – Unicamp (proposta 2 de 2020)

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(link para imagem com a proposta de redação)

Desde minha infância fui habituada ao um ambiente majoritariamente feminino. Fui criada por mulheres e minha formação como indivíduo, em geral, foi realizada também por mulheres. Mulheres essas, que sempre me orientaram a expor minhas ideias, informar e reivindicar meus direitos, quando algo não me agrada. Em uma linguagem clara, cresci como uma menina que responde as situações quando enxerga algo de errado. Mantenho essa característica até hoje. Contudo, após analisar episódios de minha adolescência, revivi um momento em que meu comportamento foi questionado como “algo que não é do feitio de moças”, por um dos paqueras na época. Como uma adolescente, que viveu sobre influências midiáticas de mulheres que performavam feminilidade e delicadeza, levei aquele comentário como algo construtivo e passei a reavaliar a forma que me comunicava, em especial, com os homens. Homens esses, que tinham tom humorístico e de firmeza quando questionavam comportamentos das mulheres, sendo tratados como corajosos e sem “papas na língua”.

Esse episódio, que na época pareceu inofensivo, hoje, em outro olhar, me parece causar grande angústia. Afinal, qual a linguagem ideal para as mulheres? Com qual tom as mulheres devem falar? Bombardeadas de regras de etiqueta e dicas, para agradar o mundo masculino, nunca questionamos: Qual a linguagem ideal para os homens? Por quais motivos homens não são questionados sobre seu linguajar e não poderiam nunca ouvir “isso não são formas de um moço falar”? É preciso reavaliar as distintas cobranças baseadas nos diferentes gêneros e como uma fala inocente pode validar situações onde, comumente, vemos um homem como voz de poder, por suas palavras fortes, na sociedade. Ou assediando moralmente mulheres do seu ciclo social por sua falta de “filtro” tão elogiada.