CORRIJO DE VOLTA. Caminhos para o combate ao analfabetismo no Brasil.

Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, o que é visto, na atualidade, é antagônico aos ideais desse movimento intelectual, uma vez que não há, no corpo social brasileiro, uma análise acerca dos caminhos para o combate ao analfabetismo, apresentando-se como um entrave para a consolidação desse arquétipo iluminista. Dessa forma, fatores como o descaso governamental e o silenciamento propagam esse problema pelo âmbito nacional.

Sob esse viés, é preciso salientar que o analfabetismo sofre, deploravelmente, com a omissão do governo, pois mesmo que haja investimento nessa área, ele demonstra ser insuficiente. Dessa maneira, esse fator, de acordo com os ideais do contratualista John Locke, configura-se como uma violação no “contrato social”, já que o Estado não cumpre o seu papel de garantir que os cidadãos gozem de seus direitos imprescindíveis, como o acesso a educação. Posto isso, apesar da alfabetização ser crucial e representar condição básica para a dignidade humana, a educação é pouco valorizada, incentivada e distribuída pelo e no país. Desse modo, é inadmissível que a alfabetização seja negligenciada, pois é de imensa importância para a construção social do indivíduo.

Ademais, outra configuração para esse deplorável óbice é a ausência de ações sociais, como falar sobre o assunto, suas causas e consequências. Diante disso, conforme o filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas e o seu termo “ética da discussão”, é defendido que a linguagem é a verdadeira forma de ação. Desse modo, para que um problema — como a falta de comida no ambiente escolar — seja resolvido, faz-se necessário debater sobre, ainda mais quando se trata de um tema silenciado e alarmante como esse. Assim, trazer à pauta esse assunto e debatê-lo amplamente aumentaria a chance de atuação nele, para que essa parcela de cidadãos tenha sua realidade desafiadora, desigual e injusta modificada.

Portanto, é inegável que medidas precisam ser tomadas para reverter esse nefasto cenário. Para isso, a mídia, responsável por moldar a opinião do grande público, deve desenvolver um projeto que vise informar a sociedade sobre a relevância da alfabetização na vida dos indivíduos, por meio de reportagens nos jornais televisivos e impressos ou por meio de comerciais, com o intuito de garantir os direitos da população afetada e mobilizar a população, para que exijam do poder público o cumprimento do direito constitucional. Dessa forma, os conceitos iluministas se concretizarão.