Como interferir positivamente para combater a persistência da cultura de queimadas no Brasil?

O “Princípio Responsabilidade”, do filósofo Hans Jonas, visa o cuidado da natureza na atualidade com o propósito de garantir um futuro sustentável para as gerações futuras. Todavia, contrariando essa tese, os incêndios ambientais vêm aumentando cada vez mais nos biomas brasileiros. Isso ocorre por conta das queimadas induzidas pelo agronegócio e a falta de posicionamento do governo sobre essa questão. Nessa perspectiva, é imprescindível encontrar meios de combater a persistência dessa cultura maléfica no Brasil.

Primeiramente, vale ressaltar que essas queimas têm a finalidade de criar espaços para agricultura e pecuária. Segundo o documentário “Cowspiracy”, da Netflix, existem muitos terrenos vazios e improdutivos que são perfeitos para o plantio e o pasto, contudo, devido à especulação imobiliária eles se tornam exponencialmente mais caros. Logo, em virtude de reduzir os gastos, os empresários do agronegócio preferem fazer uma limpeza por incêndio induzido em áreas não ocupadas, pouco se importando com os prejuízos à biodiversidade. Desse modo, é essencial encontrar meios de substituir o uso de áreas florestais pelo de espaços improdutivos nesse setor.

Ademais, é necessário destacar que existe uma grande indiferença das esferas públicas perante esse problema. Sob essa óptica, a realidade tupiniquim pode ser sintetizada pelo pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman de “Instituições Fantasmas”, dado que as entidades governamentais não cumprem papéis fundamentais dentro do país, nesse caso, proteger a natureza brasileira e punir aqueles que a violam através de queimadas desnecessárias. Dessa forma, faz-se necessária uma mudança das atitudes de impassibilidade diante da situação por parte desses órgãos públicos.

Por fim, caminhos devem ser elucidados para reduzir a cultura de queimadas no Brasil. Cabe ao Ministério do Meio ambiente, através da criação de emendas e leis, em conjunto com o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, punir as organizações de agronegócio que promovem queimas para implantar pastos e plantações. Além disso, o Governo Federal deve ampliar seus projetos de redistribuição de terras improdutíveis e utilizar elas para a agropecuária. Essas medidas promoverão a diminuição nos incêndios florestais, o que garantirá a preservação da fauna e da flora brasileira, e desse jeito assegurar o futuro sustentável que o filósofo Hans Jonas almeja para as próximas gerações.