Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças

O “mito da caverna”, do filósofo Platão, descreve um grupo de pessoas que se recusavam enxergar a verdade em virtude do medo de sair de sua zona de conforto. Fora da alusão, a realidade brasileira caracteriza-se com o mesmo cenário no que diz respeito ao uso indiscriminado da internet pelas crianças. Nesse contexto, percebe-se a configuração de um grave problema em virtude da negligência de seus tutores e da facilidade de acesso às tecnologias digitais.  Diante disso, faz-se imperiosa a análise dos fatores que favorecem esse quadro.

Em primeiro plano, a incúria dos pais e tutores atrelada ao uso excessivo da internet mostra-se como um dos desafios à resolução da problemática. De acordo com o filósofo Aristóteles, o imitar é congênito no homem, e este se compraz no imitado. Por essa perspectiva, a criança tende a copiar o comportamento das pessoas que ela convive. Com isso, se os adultos da casa possuem o hábito de usarem dispositivos digitais desmedidamente, as crianças também terão a mesma conduta descomedida. Ademais, se os pais não impõem limites quanto ao que acessar na internet e quanto ao tempo de conexão, os pequenos são negligenciados e ficam à mercê dos influenciadores digitais, que muitas vezes não são bons exemplos a seguirem. Assim, os responsáveis pelos menores colaboram com o aumento dessa conjuntura indesejável por não procederem de maneira adequada ao não terem o devido cuidado com estes.

Em segundo plano, a facilidade de conexão com as tecnologias digitais é um empecilho à solução da questão. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, as redes sociais são muito úteis, oferecem serviços prazerosos, mas são uma armadilha. Nesse sentido, a internet, apesar dos benefícios que possui, tem sido uma emboscada para as crianças, pois apresenta muitos conteúdos impróprios para suas idades, por exemplo, os de teor sexual. Além disso, elas são expostas às pessoas mal intencionadas, isto é, pedófilos e cibercriminosos. Logo, é substancial a mudança dessa situação.

Indubitavelmente, medidas são necessárias para amenizar esse impasse. Portanto, é imprescindível que as empresas de tecnologia, especialmente, de mídias de fotos e vídeos estabeleçam a idade mínima para se cadastrar nos aplicativos e sites, por meio do uso do CPF ao efetuar a inscrição. Tal ação possui o propósito de tolher o acesso aos conteúdos inadequados pelas crianças ao dificultar que mintam a data de nascimento e diminuir os riscos de se exporem. A partir disso, será possível minimizar esse percalço no Brasil.