Causa Relacional

Izabel Maior defende que a deficiência se caracteriza não só pelo aspecto biológico, mas pela relação entre indivíduo e sociedade. No Brasil, essa relação agrava a deficiência da pessoa autista, uma vez que a falta de informação sobre o autismo alimenta preconceitos – disseminando a intolerância e a exclusão social – e a carência de acessibilidade nas instituições de ensino e mercado de trabalho condena indivíduos autistas a serem dependentes de pais e familiares.
Em sua canção “Sampa”, Caetano Veloso diz que é difícil achar bonito aquilo que não é espelho. A história humana mostra que tal pensamento é verdadeiro, uma vez que diferenças foram motivos de guerras e extermínios, como o Holocausto. A falta de informação e conhecimento parecem dificultar ainda mais a empatia por quem é diferente e alimentar a intolerância contra pessoas autistas que, muitas vezes, sofrem bullying e são excluídas socialmente, além de levarem pontenciais sequelas psicológicas para toda a vida.
Junto à esse quadro, soma-se a falta de acessibilidade nas escolas e mercado de trabalho, que seriam fundamentais no processo de construção de independência do indivíduo autista. A maior parte das escolas não dispõem de estrutura para receber pessoas com tal deficiência e, consequentemente, os indivíduos chegam à vida adulta despreparados para a concorrência do mercado de trabalho, onde a lei do mais forte prevalece e a inclusão não é uma realidade, nem prioridade.
Portanto, buscando facilitar a inclusão de pessoas autistas, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério do Trabalho e Poder Legislativo, deve implementar políticas que normalizem e tornem possível a participação ativa dos autistas na sociedade. Isso deve ocorrer por meio da criação de uma disciplina sobre Diversidade Social nas escolas de nível fudamental e médio, além da flexibilização da grade curricular adaptada às pessoas com autismo. Paralelamente, o Ministério do Trabalho, aliado ao Poder Legislativo, deve tornar obrigatório a acessibilidade em todos os exercícios à categoria de indivíduos autistas. Assim, a deficiência perderá força e a inclusão prevalecerá na relação entre indivíduo e sociedade.