Em 2011, treze adolescentes foram mortos por um indivíduo que invadiu e atirou em alunos de uma escola pública no Realengo, cidade do Rio de Janeiro. A motivação do ato teria sido em virtude de um Bullying sofrido pelo assassino no período em que estudava. A partir dessa e de outras fatalidades, emergiram-se diversas discussões a respeito dos rebatimentos desse mal, inclusive, na sociedade. A verdade é que esse problema tem sido frequente nas unidades de ensino escolares do país, acarretando não só prejuízos no relacionamento ambiente colegial, mas também no desenvolvimento social, emocional, físico dos estudantes ao longo da vida. É originário da própria hierarquização de indivíduos construídos na sociedade, e em falhas na construção do ensino-aprendizagem que valorize o espectro do ser coletivo.
Em primeiro plano, a sociedade moderna foi forjada por padrões de sociabilidade, comportamento, estética e poder. Porém, esse quadro não foi criado na escola, mas sim é um espelho do que acontece fora dela na contemporaneidade, traduzido nas formas de relacionamento firmadas por um sistema que publicita e define as formas de contato entre as pessoas, o capitalismo. Há um “emolduramento” desses elementos que, por sua vez, acabam sendo materializados no meio acadêmico. Dessa forma, aqueles que são vistos como mais quietos ou tímidos são considerados frágeis e passivos, os que possuem corporal incomum (magros e obesos, a exemplo) são percebidos como seres incompatíveis com o modelo de beleza, os que detém menor poder financeiro são notados como inferiores. Com isso, acabam sendo os principais alvos de gozação, desprezo e de agressões físicas.
Ademais, grande das escolas – especialmente públicas – adotam e executam um modelo pedagógico que pouco valoriza as diferentes composições dos discentes no ambiente estudantil. Nesse contexto, a educação quase sempre é pautada no individualismo, na competição, na produtividade. Exemplificando, a aluna estudiosa, nerd ou bonita, por exemplo, poderá ser notada como uma “ameaça” por ter a preferência dos alunos, enquanto que a primeira pela atenção da professora. Gera-se, assim, um desconforto onde os alunos são trabalhados como seres únicos, particulares e dissociados da sua realidade e da responsabilização de suas ações sobre si sobre os sujeitos que o rodeia. Dentre elas a depressão, a insegurança profissional e pessoal.
Diante disso, é nítido que o Bullying ainda é presente na escola básica do Brasil e que provém de um problema estrutural da sociedade e da didática aplicada em aula. A fim de mitigar os casos, é necessário que as secretarias municipais e estaduais de educação instalem, obrigatoriamente, salas de apoio psicossocial com presença de equipe multidisciplinar (psicólogo, assistente social, pedagogo, conselheiros tutelares) em cada escola e colégio das redes de ensino para atender e conter ocorrências. Além disso, essa equipe ficaria responsável também por realizar oficinas grupais, palestras, documentários explorando e debatendo esse tema com os pais e a comunidade profissional da instituição. Para além, esse grupo contaria com um aplicativo gratuito a ser instalado no celular de cada estudante que quisesse comunicar ou denunciar um caso de violência física ou verbal que o caracterize. Dessa maneira, o convívio seguiria de maneira harmoniosa e compatível com a ambientação para o aprender.
Ian Felipe Tavares Santos
Correção banca enem 2020:
C1: 160
C2: 200
C3: 200
C4: 200
C5: 200
Nota: 960, podendo aumentar ou diminuir 80 pontos
Obs: o texto está muito grande, pouco provável a transcrição completa dele na folha com 30 linhas.
Não argumente na sua conclusão, apenas se for relacionar a algo já dito, pois perde a credibilidade de proposta de intervenção (Mas gostei da articulação).