Brasil solidário

TEMA: A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO VOLUNTÁRIO NO BRASIL

                Em seu livro “1822”, o historiador Laurentino Gomes apresenta inúmeros eventos históricos que marcaram o Brasil no século XIX, dentre eles, a institucionalização do programa estatal intitulado “Voluntários da Pátria”.  Tal ilustre obra literária, em paralelo à realidade contemporânea, evidencia a importância da presença do Poder Público no incentivo às atividades laborais solidárias, as quais, atualmente, não são colocadas em prática no país. Neste sentido, a ausência de medidas públicas de fomento à solidariedade- especialmente em comunidades carentes- e a falta de debates no ambiente escolar que discutam tais ações sociais impossibilitam a plena realização dessas atitudes tão fundamentais.

                A princípio, vale salientar que a inoperância estatal no tocante às políticas públicas que envolvam ações voluntárias impede a adesão de grande parte da população a essas mobilizações.  A esse respeito, pesquisa feita pelo portal de noticias “BBC Brasil”, em fevereiro de 2020, mostrou que apenas 15% dos brasileiros relataram participação em trabalhos voluntários, consequência direta da falta de incentivo governamental.  Tal cenário nefasto, evidencia que o Estado, quando se apresenta isento de suas responsabilidades sociais, descumpre veementemente o contrato social – teoria analisada pelo filósofo contratualisa Jean Jacques Rousseau. Assim sendo, nota-se com clareza a ínfima importância atribuída a essas atividades laborais tão imprescindíveis à vida de milhões de cidadãos, o que torna necessário um posicionamento das autoridades na resolução desse impasse.

                Além disso, é válido analisar os efeitos da ausência de debates nas escolas que tratem dos tipos de intervenções solidárias existentes no país como outro agente influenciador do revés.  Segundo o jornalista e escritor alemão Alek Junbern, a sociedade hodierna carece de diálogos no ambiente escolar sobre os problemas sociais, os quais se refletem na ínfima participação do público jovem no enfrentamento de tais mazelas. Tal panorama expõe a fragilidade encontrada em nossa sociedade, o que dificulta o ingresso de adeptos às atividades que prestam o atendimento à população que mais precisa, visto que inúmeros indivíduos não conhecem esses tipos de mobilizações encontradas em território nacional. Desse modo, é imprescindível inserir discussões em ambientes intelectuais, tais como o espaço colegial.

                Depreende-se, portanto, a importância do incentivo à solidariedade como agente propulsor de mudanças no Brasil. Para tanto, cabe ao Governo Federal –como instância máxima da administração executiva no país- por meio do Ministério da Cidadania, destinar recursos da União para os programas socais de atendimento em massa para o público mais vulnerável. Isso deve ser feito mediante a instalação de unidades de acolhimento em regiões interioranas das grandes cidades- já que a maior parte da população desassistida reside nesses locais- com a oferta de serviços médicos e também de outros profissionais assistenciais com o intuito de prestar um suporte solidário e humanizado. Tais medidas têm como finalidade aumentar o trabalho voluntário na sociedade civil tornado-a cada vez mais igualitária e evoluída.