Brasil : O celeiro da fome.

Em sua autobiografia, o comediante britânico Charles Chaplin revela que sua mãe, Hannah Chaplin, havia enlouquecido devido à fome e à insalubridade em que ambos viviam, evidenciando a importância da alimentação adequada para a vivência saudável do indivíduo. No Brasil hodierno, apesar da grande produtividade alimentícia, a fome persiste como um problema, afetando negativamente o bem estar e a integridade cívica de sua população.

Primordialmente, destaca-se a situação de vulnerabilidade social que aflige grande boa parte dos cidadãos, os quais têm o acesso à alimentação sadia dificultado por aspectos financeiros. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam que no ano de 2018, mais de 13 milhões de brasileiros viviam na extrema miséria. A inacessibilidade econômica torna a fome cotidiana na vida de tal massa marginalizada, além de prejudicar sua saúde, pois sabe-se que as deficiências nutricionais acarretam em patologias como o escorbuto, anemia, má formação congênita e favorecem o desenvolvimento de psicopatologias.

Ademais, ressalta-se que o desperdício em âmbito nacional é fato contribuinte para a má distribuição de alimentos. Segundo dados da FAO no Brasil, cerca de um terço de toda a produção brasileira é descartada ao longo dos processos de manejo e armazenamento, mesmo estando em perfeitas condições para consumo humano. Esse descarte desnecessário em larga escala reflete no aumento dos preços e excluí ainda mais a população com baixa renda.

Evidencia-se, portanto, a problemática da fome no país e sua relação com a pobreza e o desperdício agrícola. Por conseguinte, cabe ao Ministério da Cidadania aprimorar programas de transferência de renda, como o bolsa família, além de oferecer refeições nutritivas nas escolas para as crianças das famílias carentes. Também é de suma responsabilidade do Ministério da Agricultura alertar os produtores dos malefícios sociais causados pelo desperdício, por meio de palestras e informativos educacionais. Deve-se também, incentivar os agricultores que aderirem às práticas que evitem o descarte desnecessário de alimentos, em relação ao transporte, armazenamento, etc, por meio de benefícios fiscais. Essas medias em conjunto, contribuirão para atenuar a fome no Brasil, contribuindo para que as garantias constitucionais sobre a saúde e a dignidade sejam efetivadas.