Barba Azul e o Ciclo Vicioso

Tema: Origens e soluções para o problema dos relacionamentos abusivos na sociedade brasileira

A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todos devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Entretanto, esse preceito é bastante negligenciado no Brasil, dada a abundância de relacionamentos abusivos, os quais possuem suas causas relacionadas à romantização do herói salvador, difundida pela mídia, e pelo uso da violência como instrumento educacional.

Nesse contexto, a figura do herói montado no cavalo para salvar alguém de uma vida penosa é bastante utilizada pela Indústria Cultural. Tal história lembra o caso de Elize Matsunaga. Após ser “salva” pelo marido de uma vida de prostituição, ela sofre vários abusos psicológicos e assassina-o. O início dessa história se repete na sociedade brasileira e, embora as personagens e o fim seja variável, há algumas constantes que podem ser consideradas, como a consequente baixa autoestima, a depressão, a violência doméstica, o suicídio, e, claro, o homicídio. Vê-se, então, a necessidade de mudar o imaginário coletivo nesse aspecto.

Ademais, uma parcela dos indivíduos no país ainda vê a violência como ferramenta para educar os filhos e os jovens. Esse quadro pode ser relacionado ao fato de, segundo Hannah Arendt, a violência ter sido normalizada por ser tão comum na sociedade. Assim, a força bruta e o abuso psicológico não é utilizado somente entre casais adultos mas também atinge crianças e adolescentes. Essa cultura gera transtornos na personalidade, na saúde mental e emocional dos futuros adultos que, talvez, perpetuem o ciclo vicioso da violência. Logo, é preciso reeducar os pais sobre a educação familiar.

Portanto, mudanças são necessárias para acabar com os relacionamentos abusivos no Brasil. Nesse viés, o Ministério das Comunicações, aliado ao Ministério da Educação, deve adotar medidas que visem, respectivamente, à mudança da mentalidade brasileira sobre relacionamentos e à criação de educação para o lar. Desse modo, o Ministério das Comunicações deve utilizar as diferentes mídias para propagar informações sobre as diferenças entre relacionamentos saudáveis e abusivos, com a ajuda de publicitários e psicólogos, semanalmente. Paralelamente, o Ministério da Educação deve incluir nas escolas públicas de níveis fundamental e médio, um programa de educação familiar, para pais e alunos, ministrados por psicólogos e pedagogos, além de acompanhamentos psicológicos mensais. Assim, é possível que o espírito da fraternidade crie raízes no país.