As manifestações de violência nos estádios de futebol brasileiros

A prática desportiva, desde sua origem, esteve atrelada aos valores culturais e políticos de uma civilização. A origem das Olimpíadas, por exemplo, está vinculada à adoração destinada aos deuses da antiga cultura grega; milênios antes, ainda, a caça e a pesca de povos nômades representavam o mesmo aspecto de reverência religiosa. Pois bem, atualmente, o futebol também reflete os elementos sociais de uma população, inclusive a constante violência presente em seus estádios. Nota-se, portanto, a necessidade de investigar e combater, de acordo com esses aspectos culturais, os fatores que permitem a presença desses crimes em estádios futebolísticos do país.
Primeiramente, portanto, é preciso analisar que essas atitudes prevalecem graças a uma influência desenvolvida pelos próprios clubes e, também, por uma insuficiência penal. A necessidade de torcidas organizadas, principais envolvidas nessas situações, e o apoio direcionado a elas pelas próprias equipes apontam o papel destes nos acontecimentos trágicos que caracterizam diversos ambientes esportivos, além, claro, dos baixos índices de responsabilidade criminal direcionada as mesmas. Nota-se, portanto, a falha presente tanto nos papéis de clubes como nos da Justiça.
Ademais, o pensador francês Émile Durkheim aponta como objeto de estudo sociológico o “fato social”, coercitivo e exterior ao indivíduo. Destarte, como o futebol – sendo esporte – é um reflexo dos aspectos culturais de um povo e estes representações de fatos sociais, nota-se que os casos de violência em estádios se atrelam à violência apresentada em nossa sociedade. Assim, torna-se exigível intervenções para além desse palco esportivo.
Fica claro, portanto, que a violência nos estádios de futebol tem origem em relações culturais e sociais de um povo e na insuficiência da atuação de equipes e da Justiça. Nesse sentido, é fundamental a utilização de campanhas (as quais aproveitem a idolatria e fama de seus jogadores), oriundas da parceria entre a União, estados e os clubes de futebol, que busquem, para além dos estádios, diminuir ou mesmo extinguir essas ocorrências lastimáveis.