As duas faces da industria farmacêutica (Não é Enem)

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(Estou estudando para a redação da EAOAP, banca FAB (Aeronáutica). Nela não há necessidade de uma proposta de intervenção, não é nem aconselhável. A redação é dissertativa-argumentativa, no máximo 30 linhas. O candidato começa com 1000 pontos e vai perdendo pontos de acordo com esses quesitos:

I EXPRESSÃO:
Pontuação, ortografia, caligrafia, vocabulário,
acentuação gráfica e morfossintaxe = 0,2000 por cada erro
cometido relacionado a cada
um dos aspectos avaliados.

II ESTRUTURA:
Paragrafação = até 0,5000 por cada erro
cometido.

III CONTEÚDO:
Pertinência ao tema proposto = até 1,5000.
Argumentação coerente = até 1,5000.
Informatividade = até 1,5000.)

(O erro ortográfico idêntico será computado apenas uma vez.)

Segue a redação:

               O período da Segunda Revolução Industrial iniciou o processo da farmácia como um segmento da indústria química. A importância dos medicamentos produzidos é inegável, pois sem eles, muitas doenças não poderiam ser tratadas. Entretanto, apesar de esse aparentar ser um panorama extremamente promissor, o desenvolvimento exacerbado e o poder conquistado pela indústria farmacêutica gera, hoje, muitos distúrbios que ameaçam a sociedade.

                       Em primeiro plano, de acordo com o médico inglês Ben Goldcare, os estudos sobre os medicamentos, principalmente os anti-depressivos, não são publicados. As pessoas que desenvolvem as “doenças do século”, como a ansiedade e depressão, tomam os fármacos muitas vezes sem conhecimento de seus malefícios e benefícios.

                            Outrossim, o objetivo da indústria farmacêutica alterou-se consideravelmente desde o século XIX. Na contemporaneidade, o foco empresarial é igual à de uma outra empresa normal, que consiste apenas no lucro. Muitos médicos se tornam “patrocinadores” dessas grandes industrias, de modo que essas pagam comissões para doutores prescreverem indiscriminadamente suas marcas, lesando tanto os princípios de livre mercado, como os direitos do paciente de obter o melhor fármaco.

                                      Portanto, mesmo que as evidentes vantagens que os medicamentos trazem para a sociedade, as industrias farmacêuticas transformaram tais benefícios em um desregulado comércio, visando mais o lucro do que o auxilio à população.

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2 Correções

  1. Oii eu sou apenas uma estudante, esta é apenas minha opinião, não sou nenhuma especialista.

    ok se a sua intenção era escrever uma redação expositiva você esta no caminho, porém acho que não tem muita coesão textual, falta os parágrafos conversarem melhor entre si.
    Achei que foram abordados muitos assuntos em muito pouco tempo, quando você for escrever um texto de dissertação pense estar escrevendo para alguém que nunca leu sobre o tema, eu mesmo não entendi muito bem o tema central.
    Não notei erros gramaticais nem de pontuação.
    Continue assim você esta no caminho!

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  2. I – 206 palavras. II – Operadores argumentativos. III – Coerência argumentativa. IV – Funções da conclusão. V – Norma culta.

    I – Isso dará algo em torno de 20 linhas. Se tem medo de não sobrar espaço, suspeito que a sua letra seja muito grande (caneta ponta grossa?), ou que você esteja mesmo a dar esse espaço enorme para indicar a paragrafação, o que, apesar de ser mais bonito, pode causar uma má impressão no examinador, tanto quanto a letra gigante.

    II – Alice está certa quando aponta problemas de coesão. Mais do que pensar em conectivos, você deve pensar em “operadores argumentativos”, que são o que dão o sentido para a frase dentro de um contexto. Uma mesma frase pode servir de exemplo ou de consequência (em relação à frase ou ao parágrafo anterior), o que define o sentido que você quer dar a essa frase é o uso do operador argumentativo: “por exemplo” ou “consequentemente”. Lembre-se disso porque você não quer ter o seu texto lido como “expositivo” por causa de uma bobeira dessas.

    III – O 1º argumento está menos desenvolvido do que o 2º, e não há uma justificativa no texto para isso, até porque você demonstrou saber fazer o chamado “aprofundamento argumentativo”, explorando causas e consequências. Sugiro que mantenha esse padrão para os dois parágrafos argumentativos, até mesmo para fechar brechas que você esteja enxergando – o comentário da Alice sobre “excesso de informações” mais me parece, na verdade, ser causado pela ausência de algumas explicações.

    IV – Há diversas formas de se concluir um texto, sendo uma delas a conclusão propositiva. Entende-se que a propositiva é a forma mais apropriada de se concluir um texto em que você só se propõe a criticar. Quando, por um lado, o Enem força o candidato a propor uma intervenção, ele também está dizendo que é inapropriado fazer uma dialética, por exemplo. No outro lado estão as bancas que entendem que o senso crítico não necessariamente redunda em proposta de intervenção, já que há temas que são difíceis de se resolver mesmo, como é este caso da indústria farmacêutica.

    No entanto, como já falei, a propositiva é uma das estratégias conclusivas – há outras. É importante entender a função da proposta.

    A conclusão tem duas principais funções dentro de um texto dissertativo-argumentativo: retomar a tese/ratificar o que já disse (formando o texto-circuito); e manter o leitor interessado até a última frase!

    Então, ela não precisa se limitar a uma mera retomada da tese, sob pena de você escrever tal parágrafo em uma única frase, o que pode te levar a um parágrafo embrionário. Daí a ideia de propor uma intervenção, no Enem: é para deixar o leitor pensando no além-do-problema.

    Quais as outras formas de manter o leitor interessado?

    Você é quem vai pensar no que é mais adequado, porque estas provas, de fato, carregam uma necessidade de valorar o “espírito” da instituição; então, por exemplo, a estratégia de ironia, que muitas vezes é genial, pode não ser bem-vinda. Vale a pena pensar na estratégia que você vê em textos (no meu caso, vídeos-textos, como o Greg News e o Meteoro Brasil) que te prendem.

    Além da conclusão propositiva e da irônica, aprendi a fazer as conclusões i) por Ressalva, ii) a Reflexiva, iii) a com alguma Referência Cultural e, por fim, iv) a com Metáforas.
    Vou te pedir pra notar alguma dessas estratégias nas dissertações-argumentativas que você costuma curtir, e aí testa se consegue encaixar um além-da-retomada-de-tese.

    Lembrando, também, que há momentos em que é apropriado, especialmente quando você domina o assunto, terminar propondo uma intervenção – que é a melhor forma, sem sombra de dúvidas, de se concluir textos sobre problemas sociais –, só que sem esses moldes que elevam o candidato Enem à sensação de salvador do problema, dando ordens a ministérios, fazendo planejamento de execução, essas coisas que só o Enem mesmo pra cobrar.

    V – Não entendo justo que erros de alguém que escreva 400 palavras sejam contados com o mesmo peso das 206 que foram escritas aí. De toda forma, se forem esses os critérios, talvez a principal dica seja não inverter frases, construí-las sempre de maneira curta, sem inventar usar palavras que desconhece. Eu acho isso pobre, e no Enem, pelo menos, essa construção pobre de frases impede o candidato de tirar 200 na competência 1 – se a EAOAP funciona assim, tu num tem nada a ver com isso kk. Antes, um alerta: o corretor talvez não note todos os erros que eu notei abaixo, lendo com calma; talvez ele ignore algumas coisas também; enfim, fui o corretor mais perverso possível:

    Introdução
    O período da Segunda Revolução Industrial iniciou o processo da farmácia como um segmento da indústria química. A importância dos medicamentos produzidos é inegável, pois(1) sem eles, muitas doenças não poderiam ser tratadas. Entretanto, apesar de esse aparentar ser um panorama extremamente promissor, o desenvolvimento exacerbado e o poder conquistado(2) pela indústria farmacêutica gera(3), hoje, muitos distúrbios que ameaçam a sociedade.

    1 – Vírgula. Era pra destacar completamente a circunstância deslocada para o meio da frase (“sem eles”);

    2 – Eco. Esse som “ado-ado” deve ser… evitado. O eco é um problema parecido com a repetição de palavras, e é marca de outro tipo textual, devendo ser evitado em dissertações-argumentativas;

    3 – Concordância. Erro grave: qual é o sujeito deste verbo?

    Argumento 1
    Em primeiro plano, de acordo com o médico inglês Ben Goldcare(1), os estudos sobre os medicamentos, principalmente os anti-depressivos(2), não são publicados. As pessoas que desenvolvem as “doenças do século”, como a ansiedade e(3) depressão, tomam os fármacos muitas vezes sem(4) conhecimento de seus malefícios e benefícios.

    1 – O Enem perdoaria errar o nome, mas será que a sua banca perdoa?

    2 – Sem hífen. É dureza ter aprendido a escrever antes de 2009;

    3 – Comer artigos não é recomendado em textos formais, principalmente em casos de paralelismo: se você deu um artigo pro primeiro elemento, deve fazer o mesmo no segundo, e assim por diante. São bem específicos os casos em que o artigo é optativo;

    4 – Esse seria um caso, se “conhecimento” aqui não fosse um específico: o conhecimento sobre malefícios e benefícios dos fármacos. Não existe a opção “um conhecimento” aqui, então você comeu o artigo “o” indevidamente. Na dúvida, põe – é isso.

    Argumento 2
    Outrossim, o objetivo da indústria farmacêutica alterou-se consideravelmente desde o século XIX. Na contemporaneidade, o foco empresarial é igual à(1) de uma outra empresa normal, que consiste apenas(2) no lucro. Muitos médicos se tornam “patrocinadores” dessas grandes industrias(3), de modo que essas(4) pagam comissões para doutores prescreverem indiscriminadamente suas marcas, lesando tanto os princípios de livre mercado,(5) como os direitos do paciente de obter o melhor fármaco.

    1 – Concordância… Omitiu a palavra “o foco” e aí colocou crase como se a palavra omitida fosse feminina. Seu problema não parece ser de crase porque, neste texto, você não apresentou problemas de regência. Aqui foi bagunça na hora de evitar repetir palavras;

    2 – Palavras perigosas: cuidado com essas palavras que limitam demais as opções, até porque nem todas as empresas pensam “só” no lucro, especialmente as pequenas, que estariam sendo ofendidas por essa frase. “apenas”, “somente”, “todos”, “deve”… Tudo isso é um risco que deve ser bem calculado na hora de escrever;

    3 – Não entendi por que comeu o acento desta proparoxítona;

    4 – Eco. “Dessas”, “essas”;

    5 – Vírgula indevida. A expressão “tanto… quanto/como” é escrita sem pausas, tal qual seria no caso de um “e” no lugar dela.

    Conclusão
    Portanto, mesmo que(1) as evidentes vantagens que os medicamentos trazem para a sociedade, as industrias(2) farmacêuticas transformaram tais benefícios em um desregulado comércio, visando mais o(3) lucro do que o(4) auxilio(5) à população.

    1 – A escolha do “que” aqui complicou bastante a frase: mesmo que essas vantagens… Cadê o complemento? Acho que você queria dizer “com”. Ta aí um problema das frases longas: se perder;

    2 – Proparoxítona de novo. Como é que tu acerta “benefícios” e erra “indústrias”, hein?

    3 e 4 – Visando ao lucro; visando ao auxílio: visar é vti, pede a preposição “a” – erro muito comum;

    5 – Eu vou atribuir esses últimos erros ao cansaço, digitação, sei lá, mas tá aí mais um problema com pro-pa-ro-xí-to-na. Não posso admitir este erro nem por distração!

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