Iniciante

As duas faces da indústria farmacêutica

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Na série “Boulevard County”, da Netflix, é retratada a vida de uma típica família do interior dos EUA nos anos 50. Em um dos episódios, a narrativa revela uma situação caricata vivenciada por Noah, o caçula que sofre de asma crônica e, com isso, deve ingerir um conjunto de comprimidos uma vez por ano: ao chegar no lugar onde ficava a pequena boticaria (farmácia) na qual costumava comprar o medicamento, ele se depara com uma fábrica de porte médio, e do lado dela uma loja que vende o remédio pelo dobro do preço de antes. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada na série pode ser relacionada àquela do século XXI: a indústria farmacêutica possui duas “faces”, uma positiva, advinda de seu processo produtivo, e uma negativa, atrelada aos danos sociais por ela perpetrados.

Em primeiro lugar, é importante destacar que o sistema de produção dos complexos industriais de fármacos gera benefícios para a sociedade, hodiernamente, ao aumentar a quantidade de bens fabricados, além de acelerar o processo de transformação da matéria-prima. Até o início do século XX, os medicamentos e as ervas medicinais em geral eram feitos dentro de sistemas produtivos rudimentares, como o artesanato e a manufatura, o que tornava esses bens de consumo mais escassos. A partir da 3º revolução industrial, entretanto, os remédios e as drogas com fins terapêuticos passaram a ser gerados pela maquinofatura capitalista, a qual promoveu a oferta e a velocidade de feitio desses produtos através do uso de máquinas informatizadas. Assim, nota-se que esse setor industrial traz bons resultados para o desenvolvimento social.

Por outro lado, há os malefícios causados pelas grandes corporações farmacêuticas no que tange ao pequeno poder aquisitivo de grande parcela da população mundial, nos dias de hoje. Claude René, inventor da vacina contra a varíola, em seu livro “Origem social das zoonoses tropicais” diz: A forma mais eficaz de imunização é a conquista da igualdade econômica. Paralelamente, pode-se observar que tal preceito não é levado em conta pelos empresários donos de multinacionais ao elevar o preço dos medicamentos, impedindo dessa forma o consumo desses bens por parte dos indivíduos mais socioeconomicamente vulneráveis da sociedade. Logo, é patente que a busca desenfreada pelo lucro por essas corporações desencadeia danos à sociedade.

Portanto, é mister que sejam tomadas medidas para amenizar o quadro atual. Para estancar os efeitos negativos que a indústria farmacêutica causa no tecido social vigente e potencializar o seu lado positivo, urge que o Ministério da Ciência e da Tecnologia implemente, mediante reajuste na agenda orçamentária anual, descontos fiscais nos impostos federais pagos por empresas farmacêuticas que diminuam o preço de fábrica de seus fármacos, com o intuito de fazer com que a aquisição desses produtos aumente nas classes mais afetadas pela desigualdade econômica. Somente assim, será possível evitar cenas ficcionais na vida real.

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2 Correções

  1. Olá, Boa dia! Eu sou iniciante então não tenho muita experiência. Enfim, sua redação tá muito bem estruturada, apenas na conclusão que eu não entendi essa palavra “mister”. Eu não sei bem avaliar as competências, mais acho que você tiraria uns 820 por aí. Espero que tenha te ajudado, continui tentando que você tem potencial. Bjs

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  2. Bom dia, Boa tarde, Boa noite!!
    Sua redação está muito bem estruturada, bem argumentava, conseguiu abordar a série com vida real, formando seus argumentos, e conseguiu usar argumento de autoridade também.
    Apenas na conclusão esse “mister” não entendi, não sei o significado ou se digitou errado. Conseguiu trazer um projeto de interveção abordando bem e fazendo um bom detalhamento.
    Eu não sou capacitado de avaliar com Competencias do ENEM (Peço desculpas), mas penso que sua redação passaria de 800.
    Espero ter ajudado de alguma forma!! Abraço

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