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As consequências da romantização de crimes na sociedade brasileira

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No filme “Tropa de elite”, produzido pela Globo Filmes, é retratado o dia-a-dia do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), com um enfoque no precário e violento modo de vida dos moradores das comunidades do Rio de Janeiro. Ao longo da trama, a narrativa revela como parte dos jovens são aliciados pelo crime organizado, por esperanças em adquirir dinheiro e poder, e a violência a qual as mulheres se submetem, em troca de maior status social no lugar. Fora da ficção, fica claro que a realidade ilustrada nas telas pode ser relacionada àquela do Brasil atual: a romantização de atos criminosos na nossa sociedade desencadeia a “marginalização” do jovem e a agressão à mulher.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a entrada de uma faixa etária cada vez menor no submundo às margens da lei é uma consequência do prestígio alcançado pela conduta antissocial hodiernamente. A partir da linha sociológica defendida pelo intelectual Paulo Freire, segundo a qual a população mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico tenta a todo custo, de forma inconsciente, reiterar a reinvindicação das riquezas espoliadas pelas classes altas, segue o entendimento de que crianças e adolescentes busquem o poder no tecido social vigente. Isso ocorre pois, desprovidos de poder pelos pais, professores ou criminosos ligados ao tráfico, tais indivíduos tentam recuperar esse atributo através da criminalidade.

Além dos fatores psicopedagógicos, há a promoção da violência contra o público feminino, outro efeito da inversão dos valores relacionados à lei e à ordem. Em seu livro “Memórias de uma vida”, a pintora e desenhista Frida Kahlo, diz: “Quem cala não consente”. Essa frase, inspiradora de diversos movimentos sociais e políticos no século XX, mostra um lado dos relacionamentos abusivos do qual depreende-se que a mulher não quer ser agredida, seja pela via verbal ou física. Porém, observa-se que a glamourização de tal tipo de relação prende a mesma em um círculo de horrores.

Dessarte, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para diminuir a taxa de entrada de jovens na vida criminal, urge que o Ministério da Educação e da Cultura crie, mediante parcerias público-privadas com as esferas estaduais, municipais e empresariais, campanhas publicitárias que conscientizem essa faixa etária acerca dos malefícios do estigma da romantização de crimes. Não só, a campanha deve abranger áreas carentes da zona urbana e conter, também, informações que avisem as mulheres a respeito do mal causado por relações tóxicas. Somente assim, será possível valorizar o BOPE ao invés de um traficante.

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2 Correções

  1. Introdução: O repertório usado foi bem relacionado ao tema, mas achei que ficou muito longo, você poderia ter resumido um pouco para ficar mais conciso. A expressão “dia a dia” não tem mais hífen. O tema foi apresentado e os dois argumentos que serão desenvolvidos nos parágrafos seguintes estão claros, o que demonstra que houve um bom planejamento de texto.
    Desenvolvimento 1: Achei que a segunda frase ficou meio desconectada da anterior; para estabelecer ligações entre todas as ideias do texto use conectivos, como: “Nessa perspectiva”, “Diante desse contexto”. Para mim, a citação ficou um pouco grande demais, o que deixou a leitura meio difícil e sobrou pouco espaço para sua argumentação. Para encerrar o parágrafo, não se deve acrescentar nenhuma informação nova, mas sim fazer uma conclusão do que foi escrito. No lugar de “através”, que passa a ideia de atravessar algo, prefira usar “por meio de” ou “mediante”.
    Desenvolvimento 2: O tópico frasal e o repertório foram bem usados. Achei que o texto ficou mais descritivo do que argumentativo; para dar mais autoria tente colocar, indiretamente, seu ponto de vista crítico sobre o assunto. Assim como no parágrafo anterior, esse não deve terminar com informações novas.
    Conclusão: A proposta de intervenção apresenta os 5 elementos.
    Nota: 920
    Competência 1: 160
    Competência 2: 200
    Competência 3: 160
    Competência 4: 200
    Competência 5: 200

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  2. a introdução ficou boa, poderia ter sido um pouco mais direta, e dia a dia não tem mais o hífen.
    o desenvolvimento ficou ótimo
    a conclusão ficou ótima, eu só não usaria a palavra traficante, eu trocaria por contrabandista, pois o impacto é menor, quando se fala em um contrabandista e
    cuidado para não exagerar nas citações, ela pode atrapalhar o texto que esta perfeito.
    nota:950
    Competência 1: 160
    Competência 2: 200
    Competência 3: 200
    Competência 4: 200
    Competência 5: 200

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