As consequências da romantização de crimes na sociedade brasileira

Na música “Vou te amarrar na minha cama”, grande sucesso da dupla sertaneja Bruno e Marrone, há um trecho que diz “vou te amarrar na minha cama, só vai fazer amor comigo […]”. Mesmo que esses versos caracterizem cárcere privado e, possivelmente, estupro, foram enxergados como uma declaração de amor de um eu-lírico apaixonado. Assim, é possível observar a romantização social de um ciúmes possessivo, que pode desencadear um crime. Dessa forma, essa problemática é prejudicial ao país, sendo a negligência governamental e a influência da literatura e do cinema, fatores agravantes da mesma.

Primeiramente, deve-se salientar que a negligência governamental exerce um grande peso na perduração dessa problemática na sociedade. Apesar de estarmos na era da informação, a segurança pública ainda não é totalmente democratizada e, por muitas vezes, não alcança áreas mais pobres e periféricas, por causa da grande desigualdade social presente no Brasil. Dessa forma, cenários criminosos acabam por se tornar rotina. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser articulada em prol do equilíbrio social, o que não é realizado pelo Poder Público brasileiro.

Ademais, é importante considerar a influência que os materiais consumidos pela população têm na permanência dessa romantização. Normalmente, as histórias de romance mais vendidas (seja em livros, séries, filmes, novelas, etc.) tendem a idealizar um homem superprotetor que, em algum momento da trama, vai realizar um crime, seja em favor da parceira ou contra ela. Como exemplo, é passível de citação o filme “365 dias”, onde o personagem principal sequestra a moça para que ela se apaixone por ele. Por mais que seja ficção, o consumo desse conteúdo promove uma normalização gradual desses comportamentos, que acabam por ser vistos como “atos de romantismo”.

Portanto, de acordo com os aspectos analisados, faz-se imperioso atuação dos Ministérios da Educação e da Segurança, democratizando a lei, promovendo palestras nas escolas e faculdades (principalmente sobre os crimes mais decorrentes na sociedade) e alcançando as regiões mais carentes, buscando diminuir o cenário de crimes no Brasil. Dessa maneira, obteremos uma sociedade mais consciente e o governo cumprirá com o seu papel de alcançar (ou ao menos buscar o alcance) do equilíbrio social, como diz Aristóteles.