Argumentos a favor e contra o adiamento do Enem

             Em maio de 2020, o governo federal lançou nota anunciando o adiamento do ENEM depois de intenso debate da sociedade e ainda sem nova data de execução. O que seria apenas uma medida governamental frente a pandemia, se tornou motivo para nova polarização política. Alguns, incluindo o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendendo a manutenção da antiga data, e outros a favor de uma nova data que garantisse isonomia na aplicação da prova.

            Os que exigem nova data, diante do novo cenário da educação a distância em meio a pandemia do COVID-19, alegam que, conforme pesquisas dos últimos anos, como a publicada em 2018 pela Agência Brasil, cerca de 25% dos brasileiros não possuem acesso a internet. Assim, os alunos menos privilegiados não teriam nem a oportunidade de terem acesso a todo o conteúdo programático que a prova exige. Ainda, mesmo que todos tivessem total acesso técnico e teórico para realizar a prova, a saúde mental da maioria estaria colapsada frente as consequências da pandemia e do isolamento social, como a perda de familiares e amigos, a completa paranoia coletiva, as demissões em massa, fechamento de empresas, teletrabalho demandando maior produtividade e recesso econômico.

            Enquanto que, os que pediam pela manutenção da data antiga, alegavam que os calendários das universidades ficariam prejudicados, assim como os dos programas para matrícula na universidade pública e bolsa para as faculdades privadas, como SISU e FIES. O INEP ainda informou sobre o capital e esforço despendido para elaboração e impressão da prova, alocação de salas, as correções das provas e redações, o que significaria um novo gasto para o governo.

            Por fim, é importante ressaltar que a forma meritocrática de acesso a universidade por meio do ENEM, nunca foi justa, as discrepâncias sociais apenas foram ressaltadas frente a pandemia que o mundo enfrenta. O adiamento é essencial, porém, mais do que pensar em uma nova data, é necessário que governo e sociedade civil pense, em conjunto, em políticas de acesso a ensino de qualidade desde o ensino básico e médio, assim como aumente o investimento por parte do governo federal e estadual em profissionais da educação e ambiente escolar, principalmente os mais periféricos. Além de garantir que os impactos causados pela pandemia sejam os menores possíveis, principalmente na educação.