Analfabetismo Funcional

No episódio “Chiquinha, o Terror do Cortiço”, do seriado Chaves, o personagem do Seu Madruga pede ao Chaves para que leia a carta de sua filha. No entanto, ao iniciar a leitura, o menino encontra uma grande dificuldade em decifrar as palavras, ocasionando em diversos erros de concordância cômicos.  Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Bolaños pode se relacionar ao analfabetismo funcional no Brasil, onde grande parte de sua população não conseguem compreender aquilo que leem, e por consequência, não podem se integrar plenamente no exercício da cidadania. Por isso, torna-se necessário o debate acerca dessa problemática.

Primeiramente, é importante salientar a alta taxa de brasileiros com dificuldades na leitura. De acordo com o Indicador de Analfabetismo Funcional,  três em cada dez pessoas com idade entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais no país, ou seja, tem limitações para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas. Evidencia-se, portanto, que tal problemática ocasiona em complicações na qualificação do individuo em sociedade, restringindo sua participação em diversas áreas do corpo social.

Por outro lado, apesar das diversas limitações, uma grande parte desses iletrados são usuários de redes sociais. De acordo com a BBC Brasil, 86% dos analfabetos funcionais são usuários de whatsApp, 72% do Facebook, e 31% do Instagram. Entretanto, o acesso desses indivíduos nessas plataformas se torna reduzido por conta de seus repertórios exíguos. Dessa forma, aquilo que poderia ser proveitoso em seus direitos e deveres de cidadãos é inalcançado por não conseguirem discernir conteúdos.

Infere-se, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de politicas que visem à erradicação das deficiências no alfabetismo dos brasileiros. Para que o analfabetismo funcional seja resolvido, urge que o Ministério da Educação (MEC) faça melhorias na educação básica do país, por meio de investimentos financeiros em infraestrutura na qualidade das escolas e dos matérias didáticos, aplicação de um sistema mais rigoroso na avaliação dos alunos, e campanhas publicitarias que incentivem a população a praticar a leitura. Dessa forma, será possível fazer com que a realidade dos brasileiros seja diferente da apresentada pelo seriado Chaves.