ANALFABETISMO

O documentário francês “Entre os Muros da Escola” retrata a dificuldade dos professores em passar um aprendizado de qualidade aos alunos em meio a desordem do sistema escolar vigente. Em consonância com a série documental, no Brasil contemporâneo, a alfabetização se mostra um desafio, haja vista a questão do ensino da língua escrita após a pandemia da Covid-19, a qual paralisou diversos âmbitos sociais. Nesse sentido, destacam-se a lacuna didática causada pelo período pandêmico, bem como a acentuação da desigualdade educacional como elementos intrínsecos à análise do letramento no contexto atual.
Diante desse cenário, deve-se considerar a falha na educação gerada pela pandemia, uma vez que, com a estagnação das aulas presenciais, o ensino passou a ser débil ou inexistente. Sob essa óptica, a Constituição Federal de de garantir o direito de todos os cidadãos ao acesso escolar, frisa que o ensino deve ter um padrão homogêneo de qualidade. Nesse viés, apesar de ter sido mantido durante o período pandêmico, o benefício constitucional supracitado não foi exemplar o suficiente para que os estudantes realmente aprendessem os conteúdos de suas grades curriculares,
Destarte, a imperfeição didática observada é um impasse para o ensino da língua escrita hodiernamente.
Ademais, um dos obstáculos para o letramento no decorrer da superação da pandemia é a desigualdade entre os alunos, que foi acentuada com as modalidades de educação emergencial. Nesse panorama, a modernidade é caracterizada pelo Mundo Globalizado, isto é, a conexão instantânea entre as nações e as pessoas mediante tecnologias, o que, infelizmente, acontece de forma desigual, pois existem muitos lugares – principalmente os mais pobres e periféricos – sem acessibilidade a tais recursos digitais. Seguindo essa lógica, as crianças mais carentes e dependentes das escolas públicas foram mais afetadas que as demais, já que não gozaram de aulas “on-line” e de materiais diversos para se alfabetizarem, da mesma maneira que vários locais não são beneficiados pela globalização das redes. Em síntese, o agravamento do disparate educacional é mais um revés para a questão do domínio imprescindível da língua escrita.
Portanto, é mister superar os desafios em torno da educação básica após o caos pandêmico. Posto isso, cabe ao Governo, como agente de desenvolvimento social, em sinergia com o Ministério da Educação, realizar um projeto que reverta as falhas educacionais causadas pela pandemia, por meio de verbas para melhorar as condições das escolas públicas e de reformas estruturais nas grades curriculares do sistema brasileiro, para que os alunos consigam preencher as lacunas didáticas, a fim promover a alfabetização adequada e equitativa no país. Por fim, a realidade nacional distanciar-se-á do apresentado no documentário francês.