Alternativas para repudiar o discurso de ódio na internet

No livro “Leviatã”, escrito pelo filósofo Thomas Hobbes, é feita a descrição do ser humano em seu “estado de natureza”, caracterizado por agir de maneira irracional e violenta. Para o pensador, as pessoas tendem a agir dessa forma quando convivem em um ambiente sem regras. Em comparação com a realidade, a sociedade aparenta estar em seu “estado natural” quando está conectada à rede. Nesse contexto, percebe-se que é preciso haver alternativas para repudiar o discurso de ódio na internet, mas há fatores que impedem os desenvolvimentos delas, como: A inércia estatal e a ineficácia dos principais meios de comunicação. 

Diante desse cenário, deve-se relatar a pouca ou nula ação da governança como um fator agravante da problemática. Em 1998, foi publicado o documento mais importante da nação brasileira: A Constituição Federal. Nela é prevista a “Lei do crime racial”, que visa punir os cidadãos que propagam a descriminação de alguém, seja por questões religiosas, culturais e etc. Entretanto, a norma não se transforma em ações, pois é comum encontrar usuários que promovem a discórdia com a violência verbal e raramente sofrem a punição que deveria ser aplicada. Sendo assim, há a sensação de impunidade entre os indivíduos que praticam tal ato e a estimulação de continuar esse ciclo de ódio.

Ademais, é importante expor a ineficiência dos administradores dos principais veículos de comunicação. No século XVIII, o iluminista francês Voltaire divulgou a sua obra “Cândido ou o otimismo”, na qual descreve a história de um personagem que, mesmo após presenciar diversos acontecimentos violentos, é influenciado pelo seu mestre a pensar que as situações presenciadas eram as melhores possíveis. Infelizmente, fora da ficção as redes sociais aparentam compartilhar do mesmo otimismo, visto que elas não promovem intervenções para banir os perfis causadores do ódio e reverter o cenário enfrentado. Além disso, tal forma de agir revela uma hipocrisia, porque grande parte dos aplicativos sociais e sites repudiam, em suas diretrizes, o compartilhamento do ódio e, consequentemente, concordam com a punição para os que o exaltam.

Desse modo, graças aos atos ineficientes do Estado e dos meios de comunicação, o discurso de ódio  perpétuo vem sendo uma questão no Brasil. Portanto, faz-se necessário ao Poder Executivo, com auxílio do Ministério Público, através da aplicação de multas ou da privação da liberdade para os colaboradores da discriminação, tornar as normas mais efetivas e respeitadas. Outrossim, cabe às principais redes sociais como o Instagram e o Facebook, por meio do banimento das contas que contribuem com a desordem, transformarem o ambiente online saudável. Medidas assim visam tornar a internet um lugar para, apenas, usufruir do conhecimento e da socialização benéfica para os que a utilizam.