ALIMENTAÇÃO E MEIO AMBIENTE – ENEM

É clara a relação de dependência da preservação do meio ambiente e da alimentação e sobrevivência humanas. Os últimos não ocorrem na ausência do primeiro. Contudo, a sociedade hodierna, em sua maioria, mesmo tendo a capacidade de perceber tal lógica, não age de modo a garantir o bem estar da natureza, prejudicando, assim, a expectativa de perpetuação da sua espécie e de toda a vida no planeta. Deste modo, é evidente a urgência com a qual se deve agir sobre o quadro.

Primeiramente, é crucial perceber que o pensamento moderno possui a crença na libertação do homem ante a matéria. Essas ideias se aprofundaram a partir da Primeira Revolução Industrial e cresceram proporcionalmente ao Capitalismo. Nesse cenário, o consumidor médio do século XXI não colhe um favo de trigo durante a vida, mas possui amplo acesso a seus derivados. Assim, ao não ter conhecimento sobre as origens de seus alimentos, como são retirados da natureza, industrializados e transportados, é fácil dissociar o meio ambiente do produto que é encontrado na prateleira do supermercado. Dessa forma, a falta de consciência leva ao hábito de escolher produtos sem pensar nas consequências ambientais decorrentes da produção dele, o que perpetua o problema.

Somando-se a isso, temos a atitude irresponsável das empresas alimentícias. Isso ocorre pelo aumento populacional e a consequente ampliação da demanda de alimentos, o que as impulsiona a melhorarem sua produtividade. Todavia, isso muitas vezes não é acompanhado das devidas precauções com os impactos no ecossistema, dentre eles a poluição das águas, o desmatamento e o desequilíbrio das cadeias alimentares, além disso, esse comportamento não é devidamente controlado pelo Poder Público, o qual tem o dever de preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais. Deste modo, fica visível que a busca descontrolada pelo lucro e a inação governamental são constituintes do problema. Faz-se mister, ainda, salientar que, no modelo econômico atual, a mão invisível é direcionada pelo cliente, na premissa de que ele tem sempre razão. Seguindo o padrão supracitado, empresas com péssimas condutas ecológicas crescem descontroladamente, auxiliadas por compradores desinformados, em rumo à destruição de nossa fauna e flora.

Sendo assim, os seguintes fatores precisam de interferência: a legislação e fiscalização ambientais e o acesso do consumidor à informação. Primeiramente, o Setor Legislativo, alçado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pelo Ministério do Meio Ambiente(MMA), precisa atuar na criação de leis rígidas, restringindo o uso dos produtos mais nocivos à natureza e impondo punições severas aos crimes ambientais, além disso, no intuito de prover o conhecimento aos compradores seria eficiente a obrigatoriedade de um selo na embalagem de todo produto, enquadrando-o em uma escala de cuidado com o meio ambiente, a qual deve ser criada pelo MMA. Então, é imperativo que o Setor Executivo fiscalize o cumprimento dessas leis, de forma que a mudança não permaneça na teoria e, então, os cidadãos possam tomar escolhas conscientes e as empresas não prejudiquem tanto o meio ambiente. Dessa forma, esperar-se-á uma redução do desgaste ecológico resultante dos padrões alimentares brasileiros e a possibilidade do prolongamento da estadia dos homo sapiens na Terra.