A VOLTA DE DOENÇAS ERRADICADAS NO BRASIL

Em 1904, a partir de uma legislação que tornava obrigatória a vacinação contra varíola, diversos populares manifestaram-se contra a vacina. Conquanto, no Brasil hodierno, o cenário é semelhante, haja vista que vários cidadãos não estão priorizando essa forma de imunização e, por conseguinte, doenças erradicadas reaparecem no país. Nessa perspectiva, a volta de patologias é um quadro preocupante, o qual ocorre, tanto por causa da negligência da sociedade em relação à temática, quanto pelo descaso do Estado no que tange à prevenção.

Deve-se pontuar, de início, que a irresponsabilidade do corpo social referente à adesão aos procedimentos profiláticos, têm sido um obstáculo. Por esse prisma, o Ministério da Saúde (MS) afirmou que cem municípios brasileiros estão com as coberturas vacinais abaixo do 50% – muito menos que o ideal, que é 95%. Isso ocorre devido à propagação de notícias falsas e pela carência de informações sobre a importância da imunização. No entanto, embora o assunto seja muito importante, não é tratado com seriedade por causa do pensamento de que a doença foi eliminada, pelo fato das baixas notificações, bem como pela diminuição das campanhas de vacinação nas mídias.

Ademais, é imperativo destacar a não ênfase, por parte do governo, nas ações preventivas como compactuante com a continuidade do impasse. Sob essa ótica, a Constituição Federal de 1988 assegura o direito à saúde a todos os cidadãos do país, e responsabiliza o Estado como sendo a instituição responsável por torná-lo factível. Todavia, na prática, é algo distante da lei, tendo em vista que o modelo biomédico atual não prioriza a prevenção, mas sim o tratamento, como consequência das insuficientes medidas profiláticas, patologias erradicadas como poliomielite, rubéola e sarampo, retornam ao território nacional. 

É imprescindível, portanto, que medidas estratégicas sejam utilizadas para alterar esse cenário preocupante para o Brasil. Sendo assim, o Ministério da saúde, em parceria com os canais de televisão, deverá realizar uma campanha denominada “Prevenção é o melhor remédio”, mediante a divulgação de vídeos nas redes sociais do governo e nas mídias televisivas. Em soma, será mostrado a importância da imunização para o contexto social e como as notícias falsas estão erradas, com intuito de fomentar a adesão da população e elucidar as mentiras. Paralelamente, o MS deve incentivar a modificação do modelo biomédico hodierno. Assim, diferente do ano de 1904, as pessoas não serão contrárias à vacina.