A supervalorização da aparência na sociedade contemporânea

A política do auto julgamento está estagnada na sociedade. Julgar e ser julgado tornou-se parte da ética do ser humano, visto que, a ‘’aparência perfeita’’ suscitou um ideal almejado por todos, em especial, mulheres. Assim como diz o famoso filósofo Rousseau, “O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra acorrentado.”, compreende-se que o ser humano é bom por natureza. Entretanto, sente a necessidade de associar-se com outros indivíduos. Dessa forma, a supervalorização da aparência configura-se como um problema social. Nesse cenário, a difusão de padrões de beleza pela mídia e a educação familiar narcísica, são fatores que não devem ser negligenciados.

Desde a antiguidade, o culto ao belo tornou-se uma cultura presente, perante as sociedades, de tal forma, que com o passar dos tempos seus padrões foram atualizados de maneira exponencial. Convém lembrar, que a pintura produzida no renascimento, por Sandro Botticelli, ‘’O nascimento de Vênus’’, retrata a estética corporal das mulheres exaltadas na época, configurando-se por apresentarem: quadris e seios volumosos, além de não possuírem a ‘’cintura perfeita’’, como valorizado no século XXI. Diversas variações no ramo da estética aconteceram, e o belo tornou-se perigoso e desafiador, podendo afetar diretamente na saúde, acarretando o surgimento de doenças como: anorexia e bulimia.

Outro fator existente, é o aumento da procura por cirurgias plásticas e estéticas. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a demanda por tais procedimentos expandiu cerca de 70% no Brasil. Análises feitas pela Faculdade UNIFESP em 2017, apontaram que 93% das certidões de óbito de pessoas que morreram, após se submeterem a cirurgia no Brasil, eram em procedimentos de lipoaspiração. Em suma, a busca exacerbada pela perfeição esculpe indivíduos viciados por estereótipos impostos pela ‘’cultura da beleza’’, aos quais, normalmente, se submetem a cirurgias mais baratas, em lugares inapropriados e com equipamentos mal esterilizados.

É notável o crescimento da indústria da beleza, movimentando cerca de milhões a cada ano e ocasionando sérios distúrbios na sociedade. Em virtude disso, o Ministério da Saúde deve estabelecer uma maior rigidez, em processos de cirurgias estéticas, além de oferecerem, previamente, um atendimento do paciente com um psicólogo, ao qual, terá uma conversa saudável, a respeito da cirurgia. Outrossim, a grande concentração de mídias expansoras da beleza, precisam estabelecer a quebra de estéticas eurocêntricas, enraizadas na sociedade brasileira, uma das mais miscigenadas do mundo.