A sub-representação da mulher na política brasileira

O filme, ‘’As Sufragistas’’, ambientado no século XX, relata a luta das mulheres britânicas pela inserção na política- voto. Isso foi feito por meio do enfrentamento às autoridades e à opinião pública favorável ao patriarcado. Analogamente, no Brasil, que conta como o voto feminino desde 1932, é nítido que a luta daquelas ainda repercute. Isso porque, há sub-representação na política, sobretudo na Câmara dos Deputados e Senado. Assim, é essencial analisar como esse quadro interfere na conjuntura política do país.
Em primeira análise, vale ressaltar o papel devastador do patriarcado na sub-representação. Segundo à Teoria do Habitus do sociológo francês Pierre Bordieu há padrões que se perpetuam na sociedade. Nessa perpectiva, aquele, ao oferecer às mulheres somente papéis secundários, como o de esposa por exemplo, acaba por desestimular o protagonismo no âmbito cívil. Além disso, o mesmo se constitui como afronta ao caráter democrático, uma vez que limita o público feminino ao que Habbermas- filósofo alemão- intitulou de agir comunicativo. Assim, como não há protagonismo no Congresso Nacional, por exemplo, não é possível que pautas emergentes como disparidade de salário, assédio, e maternidade sejam levadas a diante.
Em segunda análise, vale ressaltar que o baixo número de candidaturas daquele público também acentua a temática. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, seu número era de apenas 31,65% na úlltima eleição à presidência. Dessa forma, mesmo com medidas, tais quais a Emenda Constitucional 111 e 117, que garantem às mulheres mais participação no fundo partidário, a desigualdade de gênero ainda é preponderante. Logo, não há uma cidadania completa no país, pois segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a mesma só será completa quando coexistirem além dos direitos sociais e civis, o político.
Assim, é fulcral que o Ministério da Mulher e a bancada feminina do Congresso se mobilizem e promovam ações anuais que visem combater o patriarcado e aumentar o número de candidaturas, principalmente de negras e indígenas. Tais ações serão, respectivamente, o programa ‘’Todas pelo Brasil’’ e o ‘’Representa 365’’. Ambos, serão feitos por meio da divulgação em diversas mídias de massa e de recursos do Governo Federal, o que sem dúvida dará destaque e credibilidade à temática.