A realidade e os desafios da adoção tardia no Brasil.

A sociologia analisa que a família, instituição essencial à formação do indivíduo, sofreu modificações com o passar dos anos, novas configurações surgiram, entre elas a formadas por filhos adotivos. Contudo, o processo de adoção sofre empecilhos, em especial para crianças mais velhas. Tal realidade é evidenciada em virtude dos perfis incompatíveis com a maioria dos órfãos e a pouca divulgação do processo.

A princípio, vale destacar que a existência de perfis para adoção acarreta a disparibilidade entre candidatos à adoção e crianças à espera de um lar. Na novela “Chiquititas”, em determinado episódio um bebê é deixado em frente ao orfanato e logo surge um casal para adotá-lo, o que intriga as crianças mais velhas. Analogamente a novela, a maioria das famílias opta por crianças menores, de pele clara e sem irmão, quesitos incompatíveis com a maioria dos órfãos. Nesse sentido, faz-se necessário o combate aos estereótipos que prejudicam a equiparação de adotandos-adotados.

Ademais, a pouca divulgação acerca da importância da doação acarreta o cenário atual. O advento da Globalização, da internet e da era tecnocientífica contribuíram com uma maior eficiência na comunicação, entretanto, o processo de adoção ainda é marginalizado em meio a propagação de informações. Nesse viés, nota-se que a falta de promoção do processo impulsiona a existência de preconceitos com idade, cor da pele e irmãos da criança. Dessa forma, urge às autoridades a tomada de medidas que minimizem a problemática.

Infere-se, portanto, a necessidade de combater a problemática recorrente no processo de adoção. Logo, Ministério da Educação, provedor de ferramentas essenciais à educação de qualidade, juntamente aos conselheiros tutelar, deve promover uma maior divulgação do processo adotivo. Tal ação deve ocorrer por meio de eventos e debates, mediante meios multimidiáticos, com a participação de atrizes que adotaram, como Glória Maria, e que foram adotados, como Silvia Abravanel, que visam explanar a problemática, compartilhar experiências e estimular o engajamento da população na questão. Para quê, dessa forma, seja possível a formação de uma sociedade mais consciente e o combate à adoção preferencial retratada em “Chiquititas”.