A realidade da mulher brasileira no trabalho

“Tem um Brasil que é próspero, outro não muda”. Em sua canção ‘Brasis’, a cantora brasileira Elza Soares critica a desigualdade explícita na sociedade. Embora uma obra musical, a descrição da artista preserva-se sem arranhões no tocante a mulher brasileira no mercado de trabalho. Sob tal ótica, esse cenário desrespeita importantes princípios da vida social, a saber, gênero e raça.
Em primeiro plano, a partir de uma visão sociológica, convém ressaltar a importância do patriarcado para a manutenção da diferença de gênero no mercado de trabalho. Segundo a filósofa Simone de Beauvoir, em seu livro “O segundo Sexo”, a figura feminina sempre foi definida pelo olhar masculino. Desse modo, historicamente, homens concentram-se na maioria dos cargos e escolhem quem contratar, levando a escassez de mulheres nesse âmbito social. Logo, a dissolução dessa conjuntura faz-se imprescindível para a harmonia social.
Ademais, em segundo plano, é válido reconhecer o impasse enfrentado por mulheres negras para ocupar cargos de notoriedade. O histórico racista no qual de consolidou o país, levou a eclosão do descaso com a população negra e, principalmente, mulheres. Nesse sentido, esse panorama possui íntima relação com a obra literária “Mulheres, raça e classe” da filósofa estadunidense Ângela Davis, cuja base teórica, afirma o atraso feminino negro a empregos reconhecidos, uma vez que, em 1960, enquanto feministas brancas lutavam para trabalhar, a comunidade negra compunha a maior parte dos serviços braçais.
A persistência na conservação do patriarcado, em paralelo à desigualdade racial, consubstanciam, portanto, a realidade da mulher brasileira no mercado de trabalho. Logo, a fim de garantir a participação feminina nesse âmbito social, compete ao Poder Executivo, sob forma do Ministério da Mulher, família e direitos humanos, financiar e apoiar ONGs que atuam na inserção de mulheres nesse meio. Por intermédio da contração de agente sociais para monitorar e fiscalizar empresas e os índices de figuras femininas, de modo a aplicar multas às firmas que não estiverem de acordo. Somente a partir de tais ações, redesenhá-se-a um país distante dos verso de Elza Soares.