A questão do feminicídio no Brasil

Émile Durkheim defende que o bem-estar é influenciado pelo tratamento que determinado grupo oferece a um indivíduo que nele se encontra inserido. No entanto, à questão do feminicídio no Brasil contraria a visão do sociólogo, uma vez que, o índice de violência contra as mulheres segue persistindo na sociedade, como apontado pelo professor Jefferson Nascimento, no qual há uma média de cinco ocorrências por dia. Nesse contexto, evidencia-se a configuração de um grave problema, em razão da falta de debate e do individualismo.

Primeiramente, deve-se pontuar que o silenciamento caracteriza-se como um auxiliador no que se refere ao assassinato de mulheres no país. Nesse sentido, Habermas proporciona uma reflexão ao analisar que a linguagem é uma verdadeira forma de ação. Dessa forma, para que a problemática seja resolvida, é preciso debater sobre ela. Entretanto, há uma lacuna que impede essa resolução, visto que a principal causa para o feminicídio é a recusa dos homens em aceitar as transformações sociais vigentes, nas quais o gênero feminino busca a equidade em relação aos direitos sociais. Por conseguinte, existe uma repressão a tentativa de conciliação por parte do casal, por exemplo, o que resulta na prática da violência.

Além disso, outra dificuldade enfrentada é a falta de alteridade. O pensador Zygmunt Bauman, em seu livro “Modernidade Líquida”, analisa que a contemporaneidade é influenciada pelo individualismo. À vista disso, observa-se que os crimes contra a mulher tem como base complementar a violência opressora e omissa, devido a forte presença de uma cultura patriarcal, que subjuga o chamado “sexo frágil”, causando sérios danos de âmbito psicológico a vítima, que se encontra menosprezada em uma sociedade individualista, cujo apoio é ofertado apenas por outras padecentes.

Portanto, é necessário a tomada de medidas estratégicas para transformar esse cenário. Como solução, é preciso que a Câmara dos Deputados, em conjunto com os meios midiáticos, organizem seminários e palestras e preparem materiais contendo informações e dados estatísticos sobre a questão do feminicídio no Brasil. Tais eventos devem ser administrados por vítimas cujos casos não foram consumados e por especialistas, tanto da área da saúde quando da área criminal, podendo ser abertos a comunidade, assim como os materiais, que devem ser disseminados através das redes sociais por uma “hashtag”, a fim de que a população possa ter acesso as informações, debater e se tornarem cidadãos mais atuantes na busca por resoluções. Assim, o bem-estar defendido por Durkheim poderá ser garantido.