A questão do analfabetismo funcional no Brasil

     Em “Til”, renomado romance de José de Alencar publicado em 1830, somos apresentados ao personagem Brás, um garoto que, por mais que reconhecesse as vogais, não conseguia formar orações ou interpretar textos curtos, sendo considerado, dessa forma, um analfabeto funcional. Sendo assim, tendo consciência da importância do processo de alfabetização do indivíduo para sua melhor qualidade de vida na sociedade, torna-se necessário, portanto, discutir sobre a questão do analfabetismo funcional no Brasil. Nesse sentido, assuntos como o iletrismo como fator estrutural e as altas taxas de evasão escolar são importantes para a discussão desse tema.

     Primordialmente, deve-se entender que o Brasil compõe uma sociedade estruturada no analfabetismo funcional, ocasionado principalmente devido às desigualdades socioeconômicas que fundamentaram o país durante o processo colonizador. Apenas em 1772, por exemplo, que foram criadas medidas para a criação do ensino público, que até o momento era direcionado apenas aos filhos de colonos. Esses fatores evidenciam-se até os dias atuais e deixam marcas na sociedade contemporânea: segundo Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, o analfabetismo é duas vezes maior entre negros e pardos do que entre brancos.

     Igualmente, é válido ainda salientar que atualmente o iletrismo é alavancado pelas injustiças sociais através de processos como a evasão escolar, em que o aluno abandona a escola sem completar seus anos letivos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018 cerca de 4 em cada 10 brasileiros de 19 anos não haviam terminado o ensino médio, impulsionados por motivos que variam desde a falta de motivação com os estudos a necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar.

     Isto posto, cabe ao Ministério da Educação criar políticas públicas que busquem reverter e amenizar os impactos do analfabetismo estrutural no Brasil, medida que pode ser realizada através de programas educacionais que procurem alfabetizar jovens e adultos que já não frequentem mais a escola, afim de promover uma melhor qualidade de vida para essa parcela populacional. Além disso, deve ainda realizar programas de capacitação profissional em escolas públicas e privadas e que chamem a atenção do professor para medidas que detenham a evasão escolar, como o engajamento com o estudante e a parceria local. Com essas medidas, as taxas de analfabetismo funcional no Brasil irão diminuir.